27 fevereiro 2011

Em tarde de Borges, Grêmio vence Cruzeiro por 4 a 2 e chega à final da Taça Piratini

Borges marcou três gols e foi o herói 
do Grêmio contra o Cruzeiro
Foi mais difícil que todos esperavam, mas o Grêmio conseguiu derrotar o Cruzeiro por 4 a 2, neste domingo, no Estádio Olímpico, e garantiu a primeira vaga na final da Taça Piratini. Em tarde iluminada, o centroavante Borges foi o autor de três gols da vitória tricolor. Gabriel marcou no fim o quarto. Jô e Léo descontaram para os visitantes.
O Grêmio joga a final contra o vencedor de Caxias x São José, que se enfrentam a partir das 18h30min, no Estádio Centenário, em Caxias do Sul. A decisão deve ser no dia 9 de março, logo após o carnaval.
O jogo
O técnico Renato escalou a mesma equipe que perdeu para o Junior de Barranquilla para tentar chegar na final da Taça Piratini diante do Cruzeiro. Ainda sem Lúcio, Carlos Alberto permaneceu no meio-campo, ao lado de Fábio Rochemback, Adilson e Douglas. Borges e André Lima seguiram no ataque.
Com uma forte marcação e um bom toque de bola, além de conseguir bloquear as jogadas do Grêmio, o Cruzeiro também assustou o goleiro Victor em duas oportunidades, ambas com Diego Torres, no primeiro tempo. Aos 32 minutos, o arqueiro tricolor salvou a equipe de Renato, cara a cara com o meia cruzeirista.
O Grêmio conseguiu o primeiro arremate somente aos 13 minutos, em uma cobrança de falta feita por Fábio Rochemback, defendida pelo goleiro Fábio. O Tricolor não encontrava espaços diante da forte retranca do adversário, que deixava apenas dois jogadores na frente e, quando não conseguia na bola, usava das faltas para parar os donos da casa.
A equipe de Renato só conseguiu encontrar brechas na defesa do Cruzeiro a partir dos 30 minutos, quando Gabriel passou a ser a principal arma de ataque do Tricolor. Em uma destas escapadas, o lateral-direito recebeu grande lançamento de André Lima e carimbou a trave do time treinado por Leocir Dal"Astra.
Aos 36, a jogada foi de Douglas. Ele encontrou Gabriel pelo lado direito, completamente livre. O lateral olhou para dentro da área e fez a assistência para Borges. O chute de primeira saiu mascado, mas no canto. O goleiro Fábio se esticou todo, mas não alcançou a bola, que morreu no fundo das redes: 1 a 0.
2º tempo
As duas equipes não fizeram alterações para a segunda etapa, mas o time de Renato voltou melhor para os últimos 45 minutos do duelo. Logo após o recomeço da partida, Borges teve duas chances de ampliar o marcador, mas os arremates foram para a linha de fundo.
Mas a tarde era mesmo do número 9 tricolor. Aos 10 minutos, Gabriel ergueu a bola dentro da área do Cruzeiro. André Lima subiu no meio da defesa e escorou de cabeça até Borges. O centroavante deslocou o goleiro Fábio e correu para o abraço: 2 a 0.
Um minuto depois, o lateral-direito Marcio cruzou uma bola na área do Grêmio. Jô pulou mais que Gabriel e marcou o primeiro gol do Cruzeiro: 2 a 1.
O jogo estava eletrizante e o Grêmio ampliou a vantagem aos 15 minutos. Carlos Alberto tocou para Borges dentro da área. O centroavante foi puxado pela camiseta e o árbitro marcou pênalti. Borges mesmo fez a cobrança e marcou seu terceiro no jogo: 3 a 1.
Quando tudo parecia resolvido, o Cruzeiro voltou a assustar a torcida gremista. Em mais uma jogada pelo alto, Léo subiu no segundo pau e marcou o segundo gol cruzeirista: 3 a 2.
Aos 20 minutos, Bruno Collaço entrou no lugar de Carlos Alberto. Aos 28, Escudero assumiu a vaga de André Lima. Renato tentava encontrar uma maneira de deixar o time mais compacto e garantir a vaga na final da Taça Piratini.
O adversário deu uma mão ao treinador gremista aos 34 minutos. Alberto colocou a mão na bola impedindo um ataque do Grêmio. Como já tinha amarelo, o volante foi expulso, deixando os visitantes com um jogador a menos.
Com vantagem numérica dentro de campo, o Grêmio apenas administrou o resultado. No final, o artilheiro Borges saiu para dar lugar a Junior Viçosa. O jogador entrou com muita vontade, enfileirou jogadores pela direita e foi derrubado dentro da área. Gabriel cobrou com maestria e marcou o quarto gol gremista. Placar final de 4 a 2 para o Grêmio.
O Tricolor está na final da Taça Piratini, e vai decidir com o Caxias que venceu o São José nos pênaltis. 

Literatura brasileira perde um mestre

Ser um escritor não é necessariamente gostar de 
escrever — alguns nem gostam, dado o quanto 
sofrem na construção de um texto
Ser um escritor não é necessariamente gostar de escrever — alguns nem gostam, dado o quanto sofrem na construção de um texto.
Com Moacyr Scliar, morto à 1h deste domingo por falência múltipla de órgãos devido às consequências de um acidente vascular cerebral (AVC), acontecia o contrário. Poucos escritores terão gostado tanto de escrever — e terão demonstrado tanta facilidade em fazer isso.
Aos 73 anos, o porto-alegrense Moacyr Jaime Scliar havia construído uma obra sólida, com mais de um livro publicado para cada ano de vida, em uma ampla gama de gêneros: contos, romances, literatura infanto-juvenil, ensaios. Além disso, era colunista frequente de uma dezena de publicações, de jornais diários como Zero Hora e Folha de S. Paulo a revistas técnicas. Escrevia em qualquer lugar a qualquer hora, auxiliado pela tecnologia – jamais viajava sem seu laptop. Tal dedicação à palavra e ao ofício que exercia com evidente prazer transformaram Scliar em um dos autores mais respeitados do Brasil.
Scliar morreu no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde estava internado desde 11 de janeiro. O escritor havia sido admitido no hospital para a retirada de pólipos (formações benignas) no intestino. A cirurgia, simples, havia transcorrido sem complicações. Scliar já se recuperava quando sofreu um AVC – obstrução de uma artéria que irriga o cérebro – de extrema gravidade.
Scliar nasceu em 1937, no bairro judaico do Bom Fim, em Porto Alegre, filho de José e Sara Scliar – a mãe, professora primária, seria a grande responsável pela paixão do escritor pelas letras: foi ela quem o alfabetizou. Formado médico sanitarista pela UFRGS, ingressou na profissão em 1962. Casado com Judith, professora, e pai do fotógrafo Roberto, Scliar havia também passado pela experiência de professor visitante em universidades estrangeiras e tinha obras traduzidas em uma dezena de idiomas, entre elas o russo e o hebraico. O trabalho como médico de saúde pública seria crucial na vida e na obra de Scliar – seu primeiro livro, publicado em 1962, foi uma coletânea de contos inspirados pela prática médica, Histórias de Médico em Formação, volume que mais tarde Scliar excluiria de sua bibliografia oficial por considerá-lo a obra prematura de um autor que ainda não estava pronto.

Nos seus livros seguintes, Scliar jamais se permitiria outra publicação prematura. Do mesmo modo como escrevia com velocidade e prazer, Scliar também revisava obsessivamente o próprio texto, a ponto de às vezes reescrever uma obra do zero por ter encontrado um ponto de vista narrativo mais adequado.
— Se o escritor não tiver prazer escrevendo, o leitor também não terá — comentou em uma entrevista concedida quando completou 70 anos, em 2007.

Com a valorização da soja e a procura de áreas, valor do hectare sobe 60% no RS

Propriedade em Arroio Grande está valorizada
Depois de plantar a vida inteira em Tapera, no norte gaúcho, onde colhia apenas o suficiente para o sustento da família, o agricultor Irineu Paulus, 47 anos, migrou para Arroio Grande, na região Sul do Estado. 
No município, distante 440 quilômetros de sua propriedade de origem, foi testemunha e protagonista da disparada dos preços das terras na região. Impelido pela valorização da soja, seguiu atrás de áreas mais vastas e baratas para expandir a lavoura, percorrendo uma trilha deixada por outros produtores da Metade Norte.
A história de Paulus, que com o dinheiro da venda de 25 hectares em Tapera adquiriu uma extensão quase quatro vezes maior e uma casa em Arroio Grande, ilustra o resultado de um relatório da consultoria Informa Economics FNP (ex-AgraFNP) sobre a valorização das áreas destinadas à produção agropecuária no Brasil. 
Em três anos, no embalo da corrida pela expansão das lavouras de soja, o preço médio do hectare no Estado subiu 60%, alcançando R$ 9.444. Foi a Metade Sul a região que mais contribuiu para a alta dos preços no Estado - acima da média brasileira, de 25% -, explica a gerente de agroenergia da FNP, Jacqueline Bierhals.