16 janeiro 2010

Resgates devolvem esperança ao Haiti

A vida insiste em emergir dos escombros de Porto Príncipe. A resistência de vítimas soterradas sem água ou comida e o esforço das equipes de resgate para chegar a elas resultaram, até ontem, em sucessivas vitórias contra a desesperança.
Um dos símbolos da luta pela sobrevivência foi erguido dos entulhos na noite de quinta-feira. O pequeno Redjeson Hausteen Claude, dois anos, foi encontrado envolto aos destroços que restaram da casa onde vivia com os pais. Resistiu sozinho a mais de 48 horas de dor e medo. Redjeson, localizado por um grupo de socorristas espanhóis e belgas, acabou fotografado no momento em que o especialista em resgate de montanhas e mergulhador espanhol Félix del Amo o retirava dos escombros. O herói contou com a ajuda do compatriota Óscar Vega Carrera, bombeiro, para conseguir salvar a criança.
Retirado do amontoado de restos de construção, o pequeno haitiano mantinha o olhar atemorizado e perplexo. A apreensão se desfez em um largo sorriso quando avistou a mãe, Daphnee Plaisin, e o pai, Reginald Claude. O impacto da emoção de encontrar o filho com vida pareceu paralisar Daphnee que, incrédula e estática, recebeu-o de volta em seus braços dois dias depois do tremor arrasar a cidade.
A família que suportou a fúria do terremoto e se reencontrou se transformou em símbolo do esforço despendido por socorristas dos mais variados cantos do planeta para desafiar as probabilidades e retirar sobreviventes de montes de pedra, cimento e tijolos. Uma delas foi uma enfermeira soterrada durante três dias e resgatada na sexta-feira por militares brasileiros.
Sua localização, flagrada por uma equipe da Rede Globo e exibida no Jornal Nacional, feita por um integrante da força de paz da ONU que conseguiu alcançar a mão da vítima por uma brecha ínfima entre os destroços. Em seguida, à medida que as pedras maiores eram retiradas, podia-se ver parte de seu rosto. O resto do corpo estava imobilizado e coberto de entulho.
– Ela está viva, ela está bem – comemorou o militar.

Morre Flávio Sabbadini, presidente da Fecomércio

Morreu na noite desta sexta-feira o presidente do Sistema Fecomércio do Rio Grande do Sul, Flávio Sabbadini, 61 anos. Ele estava internado no Hospital Santa Rita, na Capital, desde segunda-feira, para tratamento contra câncer.
O terceiro mandato de Sabbadini à frente da entidade - que reúne Sesc e Senac - terminaria em julho. Atualmente, o dirigente também era vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Nascido em Santa Maria, morava havia mais de 30 anos em Gravataí, onde mantinha suas atividades empresariais. Entre 2005 e 2006, presidiu o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS), do qual integrava o conselho de administração.
A morte de Sabbadini repercutiu com força no meio empresarial gaúcho. O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre, havia tentado falar com Sabbadini na manhã desta sexta. Queria saber como ele estava, mas não conseguiu contato.
— Já sabia que ele vinha enfrentando momento difícil, mas não pensei que, de uma hora para outra, isso pudesse ocorrer. Eu perco um amigo, um companheiro, um parceiro. E o Estado perde um lutador — disse Tigre.
O presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), José Paulo Cairoli, ressaltou a liderança de Sabbadini ao congregar os sindicatos do comércio em uma única entidade:
— Ele uniu toda uma categoria. Foi um líder presente nos movimentos necessários para construirmos um Rio Grande melhor.