No último domingo, José Vilson Sauer foi flagrado pela Brigada Militar, quando dirigia embriagado no centro de Santa Rosa. Na ocasião, o homem desacatou os policiais e fez piada da situação em frente às câmeras.
A equipe da RBS TV Santa Rosa visitou o senhor José, em sua casa, e conheceu o outro lado da história, de uma família que sofre com o alcoolismo. Sóbrio, ele conta o que aconteceu no domingo.
- Eu estava no salão da vila e resolvi ir ao centro da cidade para abastecer o carro. Ao invés de vir para casa, resolvi dar uma volta e acabei sendo parado para polícia. Acho que foi uma denúncia – conta José.
O caso teve repercussão nacional. O motorista se recusou a fazer o teste do bafômetro e ao invés de assoprar, cheirou o aparelho.
- Mas o que eu ia fazer? Se ia assoprar, seria pior – justifica o agricultor, entre risos.
José reconhece que costuma beber todos os finais de semana, quando se reúne com os amigos. Segundo os irmãos do agricultor, toda a família foi acostumada a beber desde cedo. A irmã afirma que o problema com o vício preocupa porque José é o único que ainda não procurou ajuda.
- Para parar não é fácil. Ele já perdeu muitas coisas, principalmente financeiramente. Até já se acidentou. A gente fica preocupado porque bêbado pode causar acidente, machucar outras pessoas – explica a irmã.
O irmão de José já passou por situações parecidas. Embriagado, quase morreu depois de virar um trator. Há seis meses não bebe álcool.
- É bem melhor. Agora me sinto bem. Eu já falei isso pra ele – afirma o irmão.
Mesmo admitindo o erro de dirigir embriagado, José prevê poucas mudanças de atitude.
- Quando eu quiser eu paro, eu não estou viciado. Tomo uma cerveja quando jogo canastra, sempre foi assim. Eu estou tranquilo, não bati o carro – disse o agricultor.
Para a psiquiatra Lana Barbaro, o alcoolismo deve ser tratado de forma mais séria, porque é uma doença incurável. A cada dia que passa se torna mais grave e não atinge apenas a pessoa que bebe.
- A pessoa perde a noção de limite. Não sabe o que fala. No trânsito é ainda mais grave, perde a noção de onde está, esquece os sinais. O álcool é uma dependência química como as outras substâncias, é difícil ficar sem – esclarece a psiquiatra.
A psiquiatra afirma ainda, que a maioria das pessoas atendidas é da faixa etária do motorista flagrado no domingo. Em média, 35 anos. O alcoolismo pode ter relação genética e em alguns casos pode demorar até 15 anos para apresentar sintomas, geralmente graves.
- É uma doença incurável, os familiares tem que entender que sempre terão uma pessoa doente em casa. É preciso aceitar, ajudar, participar. Os pais precisam estar atentos aos hábitos dos filhos, para evitar o pior depois – orienta Lana.
Diante da repercussão, Vilson concorda que é necessária maior cautela.
- É, vou ter que diminuir e quem sabe parar – afirma.
Por mais que seja uma doença, o Código Nacional de Trânsito não permite a condução de veículos sob efeito de álcool. No caso do Seu José, ele vai responder processo administrativo no Detran, pagará multa de R$ 957,00 e poderá ter a carteira de habilitação suspensa por um ano. Ainda, responderá na Justiça pelos crimes de ameaça e desacato a autoridade.