Amadorismo e inabilidade de Antonio Palocci Crédito: Wilson Dias / ABr / CP |
Homem forte do governo Dilma Rousseff, principal ministro e articulador político reconhecido por aliados e adversários, Antonio Palocci tem demonstrado amadorismo e inabilidade ímpares no episódio envolvendo o crescimento de 20 vezes de seu patrimônio no tempo recorde de quatro anos. Na tentativa de preservar a própria pele, Palocci usa o argumento da necessidade de manter o sigilo sobre quais foram as empresas atendidas por sua consultoria. Estratégia equivocada.
Com a falta de informações de um homem público, que tem o dever de dar explicações aos contribuintes – mesmo que não ocupasse um dos cargos mais importantes do país – Palocci só faz aumentar as suspeitas sobre as transações que lhe renderam milhões. Mais grave ainda. Palocci diz estar preocupado em proteger estas empresas, suas clientes, e ignora o mal e o desgaste político que tem imposto ao governo Dilma Rousseff e, indiretamente, ao país.
Antes mesmo do agravamento da crise, que diariamente ganha novas proporções (o último capítulo veio na edição da Revista Veja deste sábado. A publicação afirma que o apartamento alugado por Palocci há quatro anos, em São Paulo, avaliado em R$ 4 milhões, pertenceria a uma empresa de fachada, registrada em nome de um laranja), o ex-presidente Lula teve de entrar em campo junto a aliados que demonstram cada vez mais desconforto com a situação de Palocci. A interferência colaborou para enfraquecer Dilma.
Hoje, Palocci está isolado, mas ainda tenta se manter no poder. Foi abandonado por lideranças da base, que desde sua entrevista nada esclarecedora ao Jornal Nacional e a Folha de São Paulo (aqui, outro equívoco básico), fazem uso de um silêncio revelador. Nem mesmo o PT, seu partido, que historicamente lançou notas públicas em defesa de personagens como José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, saiu em sua proteção. Palocci pode não reconhecer, mas já caiu, pois perdeu totalmente a capacidade e a legitimidade de exercer suas funções junto ao Planalto. Resta agora apenas oficializar o desembarque e deixar que o governo Dilma tente reagir a sua primeira e precoce crise.
Postado por Taline Oppitz - 04/06/2011 13:53 - Atualizado em 04/06/2011 14:56