04 junho 2011

Na TV, Palocci nega tráfico de influência e diz que não há crise no governo

Ontem, Palocci participou do lançamento do Plano Brasil Sem 
Miséria, no Palácio do Planalto
Foto:Dida Sampaio / AGENCIA ESTADO
Na primeira entrevista para explicar o aumento em 20 vezes do seu patrimônio nos últimos quatro anos, o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, negou que tenha usado sua empresa de consultoria, a Projeto, para intermediar interesses de empresas privadas junto ao poder público. Ele disse que não há crise no governo federal. As declarações foram dadas ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta sexta-feira.
— Não há uma crise, há uma questão em relação a minha pessoa. Eu prefiro encarar assim, assumir plenamente a responsabilidade que eu tenho neste momento de prestar as informações aos órgãos competentes e dar minhas explicações. É uma coisa que cabe a mim. Não há crise no governo, não há crise no país — declarou ao ser questionado se era capaz de conduzir suas atividades à frente da Casa Civil.
Sem citar o nome das empresas a qual prestava consultoria — limitou-se a falar os ramos, como no setor de serviços financeiros,  mercado de capitais, bancos fundos de mercado de capitais —, o ministro garantiu que jamais prestou serviços a órgãos públicos, seja de forma direta ou indireta.
— Quando uma empresa privada tinha negócio com o setor público, eu jamais dei consultoria. Isso a lei não permite. Eu tinha perfeita clareza do que a lei permitia e não permitia. Eu não fiz tráfico de influência.
Na entrevista, gravada na tarde desta sexta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília, o ministro justificou o suposto faturamento de R$ 10 milhões somente nos últimos dois meses do ano passado — valor apontado pelo jornal Folha de São Paulo — pelo fato de ter encerrado as atividades e todos os contratos terem sido quitados.
— O que ocorre é que em dezembro eu encerrei as atividades da empresa, dado que ia assumir um cargo na Casa Civil. Eu promovi um encerramento das atividades todas de consultoria da empresa, todos os contratos que eu tinha há dois anos, há cinco anos, há três anos, foram encerrados e eles foram quitados. Hoje, por exemplo, a empresa não tem mais nenhum contrato, nenhuma arrecadação, nenhum valor.
O ministro manifestou-se publicamente após a presidente Dilma pedir que desse explicações ao país o mais rápido possível, sem esperar o pronunciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre o assunto. A avaliação no Planalto é de que o desgaste do ministro já atingiu o governo.
"Nunca escondi minhas atividades de consultoria"
Em outra entrevista, prevista para ser publicada no jornal Folha de São Paulo na edição de sábado, Palocci disse que "nunca escondeu suas atividades de consultoria". A declaração foi antecipada pela versão online da publicação.
— Quero lembrar que eu nunca escondi minhas atividades de consultoria. A empresa sempre esteve registrada em meu nome e de meu sócio na Junta Comercial, com seu objeto social, sede e demais dados disponíveis para consulta de qualquer pessoa — afirmou.
— Lembro-me, inclusive, que jornais e revistas chegaram a noticiar algumas das atividades que realizei como consultor. A Projeto sempre entregou aos órgãos públicos todas as informações exigidas legalmente e pagou todos os impostos — completou.
À publicação, o ministro afirmou que não informou para a presidente Dilma os nomes dos clientes de sua empresa de consultoria (Projeto) e nem os tipos de serviços prestados.
— Não entrei em detalhes sobre os nomes dos clientes ou sobre os serviços prestados para cada um deles — disse ao jornal.