30 setembro 2009

Mulheres, mãos à obra!

Embora os números não sejam precisos, pode-se observar (e constatar) o crescimento no volume de mulheres ingressantes na construção civil em todo o país. Segundo dados da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, de janeiro a agosto de 2008, houve aumento de 23% no total de empregadas no setor. E especialistas afirmam que este número deve aumentar em razão da expansão do mercado. Confirma esta informação a publicação na Revista E-mulher, da Federação das Mulheres Gaúchas, que destacou a necessidade de aproximadamente 10 mil novos trabalhadores no Estado, até o final de 2010, em razão da demanda existente.
Com previsões tão positivas, 11 mulheres aspirantes a pedreiras, iniciaram neste mês aulas práticas com muito entusiasmo. São participantes do projeto social ‘A força da mulher transformando a sociedade’, desenvolvido pela SETREM em parceria com o Instituto Nestor de Paula e Lojas Renner. O curso, pioneiro na região noroeste do Estado, capacita mulheres para atuar na construção civil.
As ‘desbravadoras’, como gostam de serem chamadas, sob a orientação e supervisão de professores estão construindo duas salas no Campus SETREM, que abrigarão as coordenações dos cursos Técnico em Agropecuária e Bacharelado em Agronomia. Para Maíra Elisa Von Muhlen, 30 anos, a experiência representa uma grande oportunidade. Apesar de nunca ter trabalhado na construção civil, a dona de casa, casada e mãe dois filhos pequenos, agarrou-se ao sonho de conquista de um emprego. “Sempre quis trabalhar, ter meu próprio dinheiro. Por isso, quando ouvi que havia um curso gratuito para pedreira, corri em busca de informações. Na prefeitura de Três de Maio, uma amiga da Secretaria de Assistência Social me auxiliou na inscrição”, conta.
Ao término do projeto, em novembro, Maíra pretende dar uma reviravolta em sua vida. Pensa em mudar-se com a família para a cidade de Teotônia, onde tem parentes que atuam no ramo. “Lá, terei emprego garantido. Além da indicação de familiares, há menos preconceito, as pessoas estão acostumadas em ver mulheres atuando.”
A estranheza que Maíra revela, viveu Lindolfo Nitzche, 55 anos, funcionário da SETREM. Há 15 anos no ofício, pela primeira vez trabalha com mulheres em uma obra. “No início é estranho vê-las trabalhando ‘no pesado’, mas depois você não percebe mais a diferença de gênero. Todas são competentes e prestam atenção em tudo. Algumas têm muito talento e certamente terão sucesso profissional.”
O grande diferencial das mulheres, segundo Mara Bohn, 41 anos, é a preocupação com os detalhes. Sabem o que é importante e bem feito pois utilizam (e limpam) todos os ambientes de uma casa. “Por exemplo: é necessário ter caimento nas calçadas, para que a água possa escoar; deve haver cuidado para não deixar cair tinta nos vidros, pois dificulta a limpeza...”
Mara, empregada doméstica, separada, optou pelo curso para terminar a sua casa e quem sabe, ganhar renda extra. “Com auxilio de meus tios e irmãos construí a minha casa, mas não concluímos a obra. Agora, poderei fazer sozinha. Penso também que poderei trabalhar em obras nos finais de semana, como servente. Um dinheirinho a mais é sempre bom.”
Com a mesma expectativa, Mara trouxe a irmã para o curso, Marilei Bohn, de 34 anos. “Todas nós temos grandes sonhos e encontramos aqui, uma esperança. Além disso, vivenciamos algo ainda maior, construímos amizades. Esta experiência jamais será esquecida”, conclui.