Um se mostra incompreendido, outro garante ter sido expulso. O terceiro diz que infiel foi o partido. Enquanto três deputados estaduais tentam justificar o troca-troca, suas antigas legendas rejeitam qualquer argumento e exigem os mandatos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
É a primeira vez desde que a Justiça Eleitoral criou regras para a mudança de partido que deputados estaduais gaúchos estão na mira do TRE. Em 2008, o tribunal destituiu 90 vereadores de seus cargos no Rio Grande do Sul por infidelidade partidária.
Estão em meio à batalha judicial os deputados Coffy Rodrigues, que deixou em 2007 o PDT para se filiar ao PSDB, e José Sperotto, que migrou do DEM para o PTB este ano. Até quem parecia tolerante se mostrou irredutível: na quinta-feira o PPS informou que vai pedir a cadeira de Carlos Gomes, que trocou a sigla pelo PRB.
Na quarta-feira passada, Sperotto teve o mandato suspenso pela Assembleia após uma liminar do TRE. Primeiro suplente, Reginaldo Pujol foi convocado para assumir a cadeira.
Como Pujol tem 30 dias para assumir, vai postergar a decisão. Isso porque corre o risco de perder o mandato de vereador da Capital, caso Sperotto obtenha sucesso em recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sperotto alega que infiel foi o DEM, que trocou o apoio ao governo Yeda Crusius pelas trincheiras da oposição.
– Quando Sperotto se recusou a assinar o requerimento da CPI da Corrupção, líderes do partido passaram a discriminá-lo na imprensa – diz o advogado do parlamentar, Paulo Moreira de Oliveira.
Uma das principais vozes do governo Yeda na Assembleia, Coffy – que é o relator da CPI – também corre o risco de perder o mandato. O PDT solicita o cargo no TRE e, se vencer, dará um golpe na base aliada, que teria um deputado substituído por um oposicionista: o suplente é o pedetista Ciro Simoni.
– Fui expulso do PDT, não podem tirar meu direito político – diz Coffy, que se filiou ao PSDB após a antiga sigla romper com o governo Yeda.