Uma modificação planejada pela prefeitura de São Borja no projeto original do mausoléu que guarda os restos mortais do ex-presidente Getúlio Vargas está inquietando arquitetos.
O monumento, construído em na Praça 15 de Novembro, no centro da cidade, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, deverá ganhar um espelho d’água. A complementação preocupa arquitetos e urbanistas gaúchos admiradores do trabalho do renomado profissional.
A diretora do Instituto do Patrimônio Histórico do Estado (Iphae), Maria Beatriz Kother, ressalta que é necessária uma autorização por escrito de Niemeyer para mexer no entorno do monumento. Zero Hora tentou contato com o arquiteto, mas foi informada por sua mulher, Vera, que ele seria submetido ontem a exames médicos.
– O consentimento do autor do projeto é fundamental, ainda mais em se tratando de um dos maiores arquitetos que o Brasil possui – diz Maria Beatriz, que conhece o mausoléu.
Niemeyer presenteou São Borja com o projeto em 2004, ano do cinquentenário da morte de Getúlio.
– Não conheço o mausoléu, mas acredito que é preciso a autorização para alterar a obra. Não dá para mexer em algo que não foi tu quem fez – observa o arquiteto e professor da UFRGS, Carlos Comas.
A prefeitura diz já ter conseguido a liberação de verbas federais para a obra. Do total de R$ 97,5 mil, o município entrará com R$ 19,5 mil. A prefeitura abriu processo de licitação para execução do espelho d’água. O início deve ocorrer em dezembro.
Segundo o secretário de Planejamento da prefeitura, Léo Tatsch, a intenção não foi mexer no projeto inicial de Niemeyer. Ele garante que o autor foi consultado, informalmente.
O deputado federal Vieira da Cunha (PDT), autor da emenda que libera a verba para a obra, confirma que a conversa realmente existiu, mas ressalta que o espelho d’água constava no projeto original de Niemeyer. Ainda assim, Tatsch afirma que o espelho foi projetado por um arquiteto da prefeitura.
