03 novembro 2009

Pelas Ruas: três meses depois de alvejado, pombo do crime ganha alta e um lar em Santa Rosa

O pombo do crime, equipado com bateria e carregador de celular e abatido por um tiro de chumbinho há três meses em Porto Alegre, ainda não tem nome, mas já conquistou um lar. Ele e um companheiro, também suspeito de ser usado para entrar no presídio, foram adotados por uma comerciante apaixonada por bichos que mora em Santa Rosa.
Lá, Ruth Ferrari Feldmann, 43 anos, aguarda ansiosa a chegada da duplinha que vai se juntar a outras três Calopsitas, um coelho, três cachorros e uma pomba rola. Mas antes terá de esperar o veterinário Carlos Gindri vencer os cerca de 550 quilômetros que separam Santa Rosa de Porto Alegre, onde estavam internados. A previsão é de que desembarquem no município ainda nesta noite.
A ideia inicial era adotar apenas o pombo do crime que havia sido machucado ao tentar voar para o Presídio Central, mas, em um dos últimos contatos telefônicos com a veterinária responsável pela ave, mudou de ideia.
— Ela me disse que um outro pombo correio fazia companhia para ele e que havia chegado ao Hospital de Clínicas veterinárias da UFRGS em condições semelhantes ao já conhecido pombo. Ela disse que um já estava acostumado com a presença do outro e que seria melhor se permanecessem juntos. Não vi problemas. Disse: pode mandar os dois.
As aves foram acomodadas em uma gaiola e serão transportadas em uma Fiat Strada cabine dupla. Com elas, três porquinhos da índia de um criadouro de Capão da Canoa, também encomenda de Ruth, seguirão viagem.
— Nenhum deles tem nome ainda. Vou esperar chegarem aqui e olhar para a carinha deles e decidir.
Quando chegar ao destino, Carlos vai orientar Ruth sobre como proceder quanto às acomodações dos novos inquilinos.
— A ração tem que ser especial para aves. É importante deixar os dois juntos. Eles precisam ficar em uma gaiola pequena de 1,5 metro por um metro. Isso porque, a última radiografia mostrou que as fraturas nas asas estão consolidadas, mas é melhor esperar para ter certeza de que não terão qualquer problema se voltarem a voar.
Mesmo vinculados ao crime, Ruth diz que não vê nenhum problema com o título que levam:
— Não estou nem um pouco preocupada se eles foram pombos do crime. Nem pensei nisso. Apenas gosto dos animais. Já nem como mais carne de nenhuma espécie de tanto que prezo os bichinhos.
No hospital veterinário eles nem são mais vinculados ao crime. A nova história que ronda por lá é de que o casal pode estar iniciando um romance. Ainda é cedo para dizer se são mesmo macho e fêmea, mas, de acordo com o Gindri eles já iniciaram alguns rituais de acasalamento.
— Só um exame pode afirmar o sexo dos pombos. Eles não fizeram ninho, mas emitem sons característicos da espécie e também dançam um para o outro, ficam um em volta do outro.
A história do pombo contraventor
A suposição da polícia é de que a ave se deslocava para o Presídio Central quando acabou derrubada, caindo no terreno do 4º Regimento de Polícia Montada (4º RPMon). A Brigada Militar suspeita que a pomba estaria transportando o equipamento para algum detento.
Depois de se recuperar dos ferimentos ocasionados pelos tiros de chumbinho, o pombo passou por fisioterapia e hoje está completamente curado.
O outro pombo, que ocupa a mesma gaiola do pombo adotado e que ganhou um lar de lambuja, foi apreendido, no início de agosto, em frente ao presídio, após ter sido largado por uma pessoa que estava em um veículo — dessa vez, sem qualquer material acoplado ao corpo.
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