18 novembro 2009

Superlotação e tietagem marcam estreia de Lula, o filho do Brasil

Prestigiada por políticos de vários partidos, a pré-estreia do filme "Lula, o filho do Brasil" - exibido na noite desta terça-feira no Festival de Cinema de Brasília - mostrou que o longa metragem dirigido por Fábio Barreto pode render dividendos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano eleitoral de 2010. Sem a presença de Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível candidata do PT à Presidência, a primeira-dama Marisa Letícia tornou-se a estrela da festa.
Foi uma noite de tietagem. Marisa posou para fotos com políticos e atores do filme, como Glória Pires, e foi abordada até mesmo por uma equipe do programa CQC. Coube ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, defender Lula das críticas da oposição, que chamaram o filme de chapa branca.
- Por que a oposição não arruma alguém para fazer um filme também? - perguntou Bernardo, irônico.
- Que eu saiba, Lula não é candidato à reeleição. E o filme não é sobre Dilma - emendou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Antes do início do filme, ativistas ocuparam o palco do Teatro Nacional - que estava totalmente lotado, tendo até as escadas laterais tomadas por espectadores - e estenderam uma enorme faixa com os dizeres "Lula, liberte Cesare". Defendiam a concessão do refúgio para o italiano Cesare Battisti. A plateia se dividiu entre aplausos e vaias. "Terrorista!", gritou um homem.
O produtor do filme, Luiz Carlos Barreto, fez uma advertência sobre o perigo que o público enfrentava por causa das escadas tomadas e da falta de presença de bombeiros no teatro.
- Se vocês acharem que podem ficar, que fiquem - afirmou Barreto.
Um representante da produção do filme criticou que as estrelas do longa estavam sem lugar para sentar. Foi vaiado.
Em cena, toda vez que uma crise bate à sua porta, Lula segue à risca um velho conselho: "é só teimar". A lição de que tudo melhora quando se tem persistência foi transmitida por sua mãe, dona Lindu, e o acompanha até hoje, nas turbulências do governo.
Conselheira do presidente, a teimosia é personagem do filme "Lula, o filho do Brasil", que mostra a trajetória do menino miserável, vendedor de laranja e amendoim, e do sindicalista explosivo que desafiou a ditadura até a chegada ao Palácio do Planalto, após três derrotas consecutivas. O filme tem sido exibido em sessões reservadas para políticos de vários partidos.
Inspirado no livro homônimo da jornalista Denise Paraná, o enredo aborda os principais fatos da vida de Lula até sua atuação no comando do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e das greves que agitaram aqueles anos de chumbo. Tem cenas do desfile de carro aberto pela Esplanada dos Ministérios, na festa da primeira posse no Planalto, em 2003, mas não trata de Lula como presidente.