Faltou forças na última hora. Ontem, no primeiro teste do pacote do governo para brigadianos e professores, o Palácio Piratini teve de comandar uma manobra estratégica em plenário para evitar a derrubada dos projetos referentes aos policiais militares. O embate volta a se repetir hoje, mas as expectativas já se voltam para a próxima semana, quando está prevista a apreciação das propostas para o magistério.
Uma derrota iminente ontem, no primeiro embate envolvendo os pacotes para PMs e professores, fez o governo Yeda Crusius recuar. Nem mesmo uma emenda solicitada pelos próprios deputados aliados, com o intuito de agradar aos militares, teve apoio no plenário da Assembleia. Diante de tanta resistência, a cúpula do Piratini já admite adiar para 2010 a votação dos projetos do magistério, prevista para a próxima semana.
Para o governo, o saldo é preocupante: além dos recorrentes protestos de servidores, seguidos de uma disputa interna que divide o secretariado, os pacotes renderam um chega pra lá até da base aliada. Ao perceber ontem o apoio minguado para aprovar os projetos da Brigada Militar, o governo pediu aos aliados que retirassem quórum, abstendo-se da votação. Conseguiu evitar a derrota, mas hoje as medidas vão a voto novamente – obrigando o Piratini a se desdobrar atrás do socorro dos deputados.
Líder do governo na Assembleia, Pedro Westphalen (PP) reconhece dificuldade ainda maior para aprovar o pacote do magistério.
– Vamos tratar disso depois do pacote da Brigada, mas a tendência é retirarmos o regime de urgência – afirma ele.
O Piratini até poderia fazer o mesmo com os projetos dos brigadianos, não fosse uma manobra malfeita ocorrida ontem. Reunidos em uma sala no andar superior ao plenário, representantes do governo só perceberam a falta de apoio quando a votação já estava para ocorrer. Neste momento, organizaram a retirada de quórum, com o aval do secretário da Casa Civil, Otomar Vivian.
Mas o primeiro elemento do pacote – a emenda prevendo um complemento para os PMs que teriam perdas no contracheque – chegou a entrar em votação. O primeiro prejuízo: agora fica impossível retirar a urgência do projeto, e tudo terá de ser votado logo. O segundo problema: o placar exposto no painel do plenário demonstrou que aliados do governo votaram contra o pacote.
– Não é o momento para aumentar a alíquota da Previdência. Se não podemos dar um aumento merecido, também não podemos impor mais descontos – diz Luciano Azevedo (PPS), que pela primeira vez em três anos votou contra uma proposta do governo.