Três estudantes do sétimo semestre da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) — dois homens e uma mulher — estão isolados em Águas Calientes, no Peru, devido às fortes chuvas que assolam a região.
O governo do Peru está em alerta desde o último fim de semana, quando as precipitações atingiram a região de Cuzco e bloquearam a ferrovia que dá acesso ao sítio arqueológico de Machu Picchu. Estimativas oficiais indicam que há cerca de 2 mil turistas na região da cidade de Águas Calientes — que serve como apoio para aqueles que visitam a área.
O Itamaraty confirma que há entre 100 e 120 brasileiros entre os detidos. Segundo a assessoria de imprensa do ministério das Relações Exteriores em Brasília, a embaixada brasileira no Peru está em contato com a Defesa Civil. Passaram a noite dormindo nos vagões dos trens e nas casas de nativos.
Os gaúchos viajaram para o Peru no dia 6 de janeiro. A data de retorno estava prevista para início de fevereiro. Desde sábado, o acesso a Machu Picchu — principal destino turístico do Peru — está bloqueado. Os voos comerciais entre Lima e Cuzco também foram cancelados. Centenas de caminhões e ônibus ficaram parados em duas das principais estradas da região.
A funcionária pública municipal Ariza Tavares, mãe de uma das estudantes isoladas, Karina Trindade Tavares, de 23 anos, disse que conversou durante a madrugada com o cônsul brasileiro no Peru para saber a situação do local e, quem sabe, ter notícias do retorno da filha. O diplomata informou que ainda não existe data para as autoridades locais resgatarem os turistas.
A última vez que Ariza conversou com a filha foi à noite passada. Karina informou que os estudantes estão bem, mas muito aflitos, esperando serem retirados da área.
A preocupação de Maria Sofia Sartini Dutra está na falta de comida. Ela conseguiu conversar com o filho, Pedro Antônio Sartini Dutra, 20 anos, nesta manhã. O estudante de Medicina declarou que os mantimentos do grupo estão no fim e restava apenas uma barra de chocolate nas mochilas da turma.
Ele disse ainda que os helicópteros do governo peruano estavam iniciando o resgate dos turistas. Primeiramente, seriam retirados os americanos, seguido pelo europeus. Em seguida, o restante das pessoas. Pedro Antônio acredita que sejam resgatados hoje.
Nos últimos três dias, as chuvas que transbordaram os rios Vilcanota e Rio Blanco provocaram duas mortes, causaram inundações em cerca de 50 casas da região e destruíram centenas de hectares de plantações de milho. As ruínas de diversos sítios arqueológicos já sofreram danos, mas o governo do Peru ainda não detalhou as perdas.