Pesquisadores reunidos em encontro técnico, realizado na SETREM, na última terça-feira, apresentam Três de Maio como campeão de rendimentos no Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo.
A perspectiva de um padrão climático normal para a primavera deste ano foi apenas uma das boas notícias apresentadas na terça-feira, dia 13, no Campus SETREM, durante o III Encontro Técnico para Culturas de Inverno da Região Noroeste do Estado. Dirigido à profissionais do setor, o evento foi realizado em parceria pela instituição de ensino, Embrapa Trigo e Associação dos Engenheiros Agrônomos do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (AENORGS).
A questão climática foi exposta pelo Chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo (Embrapa Trigo), Gilberto Rocca da Cunha, que destacou a perda de força do evento El Niño no último mês. “Este fato configura em neutralidade no oceano pacífico. Assim, há expectativa de uma primavera menos úmida, fator que de maneira geral favorece a produção de cereais. O fim do El Niño trará um padrão climático considerado normal para esta época do ano.”
Na ocasião também foram apresentados os resultados do Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo 2009, realizado pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO) e Embrapa Trigo. Os experimentos ocorreram em 15 locais diferentes do Estado, sendo a primeira vez realizado na SETREM.
Segundo João Leonardo Pires, chefe adjunto do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo (Embrapa Trigo), o estudo é relevante por reunir todos os cultivares comercializados no mercado, ou seja, 35 materiais, de diferentes detentores. Todos foram implantados e posteriormente testados com a mesma metodologia. “Chamou a atenção o rendimento obtido em Três de Maio. O ensaio realizado na área experimental da SETREM foi campeão no Estado. Alguns cultivares chegaram próximo a 100 sacas por hectare. Isto nós dá um indicativo em termos de genética e aponta a potencialidade deste espécie na região”.
No entanto, um alerta foi dado pelo pesquisador da Embrapa Trigo, Douglas Lau: uma nova praga foi detectada em lavouras da região noroeste. O vírus Mosaico Estriado do Trigo (WSMV) transmitido por um ácaro comum na Europa e Ásia e detectado na Argentina, em 2002, já está presente em lavouras comerciais da região.
Os sintomas são bastante semelhantes ao mosaico comum e pode trazer danos relevantes a lavoura. “O produtor precisa estar atento e em caso de surto, avisar os órgãos de pesquisa. Há necessidade de realizarmos mapeamento concreto de áreas atingidas. Todo o cuidado é pouco já que a região tem peculiaridades climáticas (altitude baixa, temperaturas altas e excesso de precipitações) que favorecem a ocorrência de pragas. Também é importante salientar que na hora do plantio, o produtor deve priorizar materiais mais resistentes”, conclui.
Legenda da Foto: Chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo (Embrapa Trigo), Gilberto Rocca da Cunha e autor do livro ‘Galileu é meu pesadelo’. Em 2009 foi patrono da Feira do Livro em Passo Fundo.