A indústria de leite gaúcha alerta para uma possível redução nos preços pagos ao produtor devido à perda de competitividade do produto gaúcho em outros Estados. O Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat) diz que as empresas vinham repassando valores acima da referência do Conselho Estadual do Leite (Conseleite), mas nos próximos meses devem limitar os preços.
Em reunião do Conseleite realizada ontem, foi divulgado o preço-referência de abril elaborado pela Universidade de Passo Fundo (UPF) com uma pequena redução em relação à previsão inicial do mês. Para maio, a projeção da UPF é de uma leve alta, de meio centavo no valor do litro (R$ 0,6604). Mas o presidente do Sindilat, Carlos Feijó, também vice-presidente do Conseleite, estima uma queda nos próximos meses:
– A projeção de abril apontava para um valor de R$ 0,6641 pagos ao produtor pelo litro do leite-padrão e fechou em R$ 0,6548. Na verdade, a indústria vinha pagando em média R$ 0,12 acima desses preços e agora não conseguirá manter. Deverá pagar os valores de referência do Conseleite.
Conforme Feijó, o Rio Grande Sul envia quase 60% do leite que industrializa para outros Estados e enfrenta taxação excessiva. Ele reclama de uma sobretaxação do Paraná, que também teria incentivado seus produtores locais, de barreiras do Rio de Janeiro e de incentivos de Minas Gerais. As medidas acabam tirando a competitividade do produto gaúcho, explica.
O presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas, Ernesto Krug, afirma que os produtores já sentem um movimento de baixa nos preços para o leite entregue em maio. Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura e do Conseleite, observa que os valores variam conforme a região do Estado e defende que a indústria pague ao menos o preço-referência do Conseleite.