02 junho 2010

Brasil pede à Espanha a extradição de Sanfelice

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil encaminhou à embaixada brasileira em Madri, na tarde desta terça-feira, os documentos que pedem a extradição do empresário gaúcho Luiz Henrique Sanfelice, condenado pela morte da esposa em 2004. Sanfelice foi detido em Sevilha, no sul da Espanha, em 4 de maio.
De acordo com o Itamaraty, cabe à representação brasileira no país europeu entregar os papéis ao Ministério de Assuntos Estrangeiros da Espanha, que remete o caso ao Ministério da Justiça. A estimativa é que até a próxima semana o processo chegue às autoridades espanholas.
Sanfelice manifestou o desejo de cumprir pena em solo espanhol. O Judiciário do país europeu iniciou os trâmites legais que podem culminar na transferência de Sanfelice ao Brasil, conforme informações do jornal Diário de Sevilha.
O crime
O corpo de Beatriz foi encontrado carbonizado junto com o carro de Sanfelice, no Santuário Mãe de Deus, em Novo Hamburgo, em 12 de junho de 2004. No primeiro depoimento do empresário à Polícia Civil, ele afirmou que a esposa havia desaparecido no Dia dos Namorados após ambos deixarem a sua residência, na rua Heller, centro de Novo Hamburgo, com destino a uma agência bancária.
No local, o casal teria sacado R$ 1 mil e trocado de carros. Sanfelice disse ainda que o combinado seria almoçarem com um casal de amigos, mas o compromisso foi cancelado e Beatriz não foi mais localizada.
A condenação
Sanfelice foi condenado por cinco votos a dois por homicídio triplamente qualificado, em dezembro de 2006. No julgamento, testemunhas confirmaram a crise conjugal e detalhes da premeditação do crime. Também pesou contra o acusado um arquivo de computador de quatro dias antes da morte com o roteiro pré-elaborado para a realização do assassinato.
A ex-empregada doméstica do casal, acusada de falso testemunho e julgada no processo como cúmplice, foi absolvida, também por cinco votos a dois. O julgamento do empresário durou cerca de 40 horas, divididas em três dias de trabalhos. Sanfelice foi detido e, em março de 2007, transferido para o regime semi-aberto.
A fuga
Sanfelice cumpria pena no Presídio Estadual de Novo Hamburgo quando saiu para trabalhar e não voltou, em abril de 2008. Na mesma semana da fuga, o Tribunal de Justiça do Estado determinou a volta ao regime fechado até ele passar por exame psicossocial.