08 junho 2010

Classe média rural ganha reforço com o novo Plano Safra

Ao anunciar ontem o Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, o governo federal decidiu apostar na classe média rural produtora de alimentos e reforçar mais uma frente no combate à inflação. Do total dos R$ 100 bilhões garantidos para a agricultura empresarial, além dos R$ 16 bilhões que serão destinados aos agricultores familiares, o Rio Grande do Sul deve ter disponíveis cerca de R$ 16 bilhões.
Com a criação de um programa de crédito subsidiado para produtores que tenham renda de até R$ 500 mil por ano, o objetivo é incentivar alternativas de abastecimento dos grandes centros urbanos para ajudar a frear a alta de preços dos alimentos, que acabam elevando a inflação, um dos nós que a equipe econômica precisa desatar.
Segundo o economista Heron do Carmo, da Universidade de São Paulo (USP), a estratégia de beneficiar médios produtores e garantir alternativas de abastecimento é fundamental para manter a estabilidade dos preços – especialmente em momentos de forte variação climática, como registrado no final de 2009 e início deste ano.
O chamado Programa de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) foi divulgado juntamente com o anúncio do plano de safra, feito em clima de campanha pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e prevê recursos de R$ 5,65 bilhões aos produtores. Lula afirmou que a agricultura será um dos pilares do crescimento da economia.
– A contratação de recursos por médios produtores cresceu cinco vezes no ciclo agrícola atual em relação a 2008. Isso mostra que há uma demanda crescente por crédito nesse segmento – complementou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
Produtores gaúchos fazem ressalvas às medidas
Outra medida que também terá efeito no consumidor é o plano de armazenagem de etanol com R$ 2,4 bilhões para o setor sucroalcooleiro. A partir dessa ação, o governo busca garantir estoques de álcool que mantenham estável o preço do produto durante a entressafra da cana.
O pacote agrícola (veja quadro ao lado) foi bem recebido pelos produtores gaúchos que, entretanto, fizeram ressalvas. Entre as ações elogiadas, destacam-se as iniciativas do governo em premiar os esforços ambientais do agronegócio e a liberação de recursos para armazenagem. As críticas passam pela falta de uma política para o endividamento agrícola e para o seguro rural.