02 junho 2010

Frente Parlamentar da Extensão Rural

No dia em que a Ascar/Emater completa 55 anos no RS, o líder da bancada do PT, deputado Elvino Bohn Gass, usou a tribuna da Assembleia Legislativa para denunciar que a empresa vive a pior crise de sua história. "O que ouvi das entidades ligadas à extensão rural, faz crer que são necessárias medidas urgentes para reestruturar a empresa tanto no aspecto funcional quanto financeiro e até mesmo técnico. O momento é gravíssimo", alertou Bohn Gass.
Na reunião extraordinária da Frente Parlamentar de Apoio à Extensão Rural no RS, coordenada por Bohn Gass antes da sessão plenária, representantes da Associação dos Servidores (Asae), do Sindicatos dos Engenheiros (Senge) e do Semapi denunciaram falta de investimentos, perseguições políticas a funcionários, demissões sem critérios, contratações de parentes de deputados da base do governo e retaliações às entidades dos servidores por parte da atual direção da empresa.
"Há dezenas de escritórios da Emater que contam com apenas um técnico. Na Regional de Estrela, por exemplo, a situação é insustentável. Cada técnico tem que acompanhar, em média 135 projetos por ano. Não há qualidade desse jeito".
Representante do Sindicato dos Engenheiros (Senge), Lino Moura, afirmou que o Governo Yeda tem o menor orçamento da história da agricultura gaúcha e criticou a decisão da direção da Emater de requisitar dois funcionários do quadro que serviam à Asae. "Retirar o pessoal da associação com medidas unilaterais que caracterizam retaliação, não vai ajudar em nada." Paulo Mendes Filho, presidente do Semapi, tratou do mesmo tema: "No dia dos 55 anos, o presente que a direção da Emater nos dá é a retirada de funcionários da associação de servidores." Mendes aponta uma contradição: ao mesmo tempo em que a empresa alega não ter verbas para assistência técnica, contrata membros da família Diaz (do deputado Claudio Diaz, PSDB) que ninguém sabe o que estão fazendo lá dentro da Emater, mas que estão na folha de pagamento". Segundo o sindicalista, a empresa "vive uma profunda crise de gestão que está deixando desorientado e acabando com a auto-estima do corpo funcional."
Há 29 anos trabalhando na Emater, Osvaldo Guadanim chamou a atenção para o fato de que funcionários históricos estão deixando a empresa porque "impera o medo, a intranquilidade e a falta de estímulo. As demissões continuam," denunciou. Guadanim mencionou os nomes de Francisco Caporal, ex-diretor da Emater que pediu demissão há poucos dias quando soube que sua cedência para o Ministério do Desenvolvimento Agrário estava sendo encerrada, e de Cláudio Fiorezzi, coordenador regional que foi demitido recentemente.
"O quadro é desolador: perseguições políticas, retaliações, falta de investimento e medidas equivocadas estão fazendo a Emater perder seus mais valiosos técnicos e, se não fizermos nada, esta empresa que é tão importante para a agricultura do Rio Grande do Sul, vai definhar", sintetizou o deputado Bohn Gass. "Ícones da extensão rural não só do Estado, mas do país e até do mundo, como Francisco Caporal, estão deixando a empresa por não concordarem com a política imposta por este governo. É por isso que, no dia dos 55 anos, os funcionários da Emater, ao invés de comemorar, se veem obrigados a lançar uma campanha que faz um alerta: SOS Emater, por mais trabalhadores, mais recursos e mais democracia," finalizou Bohn Gass.