28 junho 2010

Hondurenhos protestam e Zelaya acusa EUA por sua deposição

Milhares de hondurenhos agrupados na Frente Nacional de Resistência Popular lembraram hoje o primeiro aniversário da deposição do ex-presidente Manuel Zelaya, que voltou a acusar o comando sul dos Estados Unidos.
A Plataforma de Direitos Humanos de Honduras instalou nesta segunda-feira sua própria Comissão da Verdade para investigar violações após o episódio, em resposta a uma Comissão da Verdade instalada pelo presidente hondurenho, Porfirio Lobo, em maio.
— Seremos exigentes na busca dos fatos, justos na definição da verdade, mas implacáveis na denúncia das responsabilidades — disse a coordenadora do Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras (Cofadeh), Bertha Oliva, ao instalar a Comissão da Verdade, integrada por dois hondurenhos e oito estrangeiros.
Ela acrescentou que "a Comissão da Verdade não nasce para engaiolar a informação por dez anos nem para depositá-la entre os segredos do estado burguês, explorador, neoliberal e corrupto", em alusão à comissão instalada por Lobo.
Integram a "Comissão da Verdade" os argentinos Nora Cortiñas e o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel; o espanhol Luis Carlos Nieto; Mirna Perla, de El Salvador; Craig Scott, do Canadá, Elsie Monge, do Equador; François Houtart, da Bélgica; o costarriquenho Francisco Aguilar e os hondurenhos Helen Umaña e Fausto Milla.
Zelaya, que enviou da República Dominicana uma mensagem de solidariedade à Comissão da Verdade, também disse hoje em outra carta aos hondurenhos que sua deposição foi planejado pelo Comando sul dos EUA, na base militar local de Palmerola.
— Tudo indica que foi idealizado na base militar de Palmerola e executado por hondurenhos. Escrevo estas palavras para o povo de Honduras um ano depois daquela fatídica madrugada em que a casa onde eu morava com minha família sendo presidente da República foi rodeada pelas forças especiais dos militares. Os autores intelectuais deste crime obedecem a uma formação de quadrilha dos velhos Falcões de Washington com hondurenhos, proprietários de capitais e seus parceiros de subsidiárias norte-americanas e agências financeiras — disse Zelaya em sua mensagem, enviada por e-mail.
Em sua mensagem à Comissão da Verdade, lida por sua esposa na cerimônia de instalação, Zelaya disse que a Comissão da Verdade e Reconciliação instalada por Lobo "não tem credibilidade" porque é "governista". Acrescentou que não tem autonomia, não é independente, não é profissional, nem é integrada por nenhum organismo internacional.
A Comissão da Verdade é respaldada pela Frente Nacional de Resistência Popular, que hoje lembrou o aniversário da deposição Zelaya com manifestações em todo o país.