08 junho 2010

Para muitos produtores, recursos do plano safra são "miragem", avalia Farsul

O Plano Safra 2010/2011 foi bem-recebido pelos produtores gaúchos, mas com ressalvas. As medidas foram anunciadas nesta segunda-feira pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi. O diretor da Federação das Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, evitou criticar o plano, mas reconheceu que para muitos produtores o Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011 não passa de uma "miragem". Segundo ele, o governo ainda não conseguiu solucionar o endividamento de parcelas expressivas dos médios agricultores, o que impede acesso aos recursos. 
- São os que acumulam mais dívidas, especialmente no Rio Grande do Sul - analisou. 
Schardong lamentou que o plano anterior tenha registrado uma sobra de R$ 10 bilhões por falta de acessos dos produtores ao financiamento. O diretor elogiou as iniciativas do governo em premiar os esforços ambientais do agronegócio e a liberação de recursos para armazenagem, que pode agregar 15% de renda aos agricultores. 
Já o presidente da Federarroz, Renato Rocha, lamentou a ausência de linhas de crédito específicas para o plantio de arroz. Segundo Rocha, o Estado é o principal produtor do grão no país e amargou perdas intensas no ano passado por causa do excesso de chuvas. 
A resolução 3.858 do Banco Central contudo, permite acesso a linhas de crédito. Aprovada em 28 de maio, a medida beneficia os produtores que tiveram prejuízos em lavouras localizadas em municípios que decretaram situação de emergência entre 1º de novembro do ano passado e 31 de março de 2010. Eles poderão buscar recursos no limite individual de até R$ 400 mil (sem ultrapassar R$ 2,5 mil por hectare). Ainda assim, a Federarroz considera as medidas ineficazes.
— O limite é baixo e os bancos cobram garantias que eles não podem cumprir. Ou seja, eles não conseguem tomar o financiamento. Em torno de 1,4 mil arrozeiros estão nessa situação — reclama Rocha. 
Além de exigir um acréscimo no crédito individual, de R$ 400 mil para R$ 600 mil, o setor cobra mais apoio à comercialização do arroz colhido nesta safra e o adiamento de parcelas do custeio que estão vencendo.