14 julho 2010

Deficiente visual participa do Programa Inclusão Digital SETREM e descobre o mundo virtual

Desde abril, Luis Antonio Ribeiro, 27 anos, participa, semanalmente, do Programa Inclusão Digital SETREM. A vontade de retomar estudos e profissionalizar-se o impulsionou a superar barreiras impostas por uma doença genética, retinose pigmentar avançada, que o deixou deficiente visual aos 18 anos.
Ao concluir o Ensino Médio na Escola Estadual Castelo Branco, de Três de Maio, queria mais. Agora, amplia conhecimentos em um campo até então desconhecido: a informática. “É uma grande oportunidade. Quero no futuro trabalhar como professor, desta forma, auxiliando outras pessoas com deficiências visuais”, destaca.
A instrutora, Jenifer Natana do Nascimento, de 18 anos, é estudante do Curso Técnico em Informática da SETREM e aceitou atuar de forma voluntária. “Tenho um irmão pequeno com deficiência visual e acredito que esta também seja uma oportunidade para mim. Posso aprender mais.”
Segundo a professora Maria Cristina Rakoski, colaboradora do programa, para atender Luis adaptou-se o conteúdo programático das aulas e as apostilas, impressas em Braille na Escola Castelo Branco, pela educadora Isonete Trage. Ao computador foi instalado o software DosVox. “A ferramenta estabelece interação através de um sintetizador de voz. O sistema é gratuito, está disponível na internet e foi desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com intuito de auxiliar no processo de escrita, leitura e pesquisa”.
Esta é a segunda experiência com deficiente visual no Programa Inclusão Digital. A primeira foi em 2008. O participante tinha 13 anos e as aulas foram realizadas no Núcleo de Informática do Bairro Guaíra. “Hoje este jovem conversa no MSN com os amigos, digita textos e navega na internet. Devido a grande interação com o computador e com o DosVox, ajuda também outras pessoas com deficiência.”
Para a professora Charlize Naiana Griebler, o acesso de deficientes aos recursos tecnológicos é uma forma de respeito à diversidade e de valorização dos direitos humanos. A questão está prevista na legislação brasileira desde o ano de 2004, no decreto 5296, Art. 47, que aborda o direito ao acesso à informação e à comunicação. “Contudo é necessário um movimento organizado das comunidades para efetivar esse processo. É preciso maior iniciativa por parte das organizações. Hoje podemos observar que a maioria dos sites na Internet, não estão adaptados para leitura de softwares específicos, como o DosVox.”
O Programa Inclusão Digital SETREM existe desde 2001, como objetivo alavancar o nível de desenvolvimento de Três de Maio e região, através de ações que despertem o crescimento tecnológico, principalmente em comunidades que se encontram em situação de risco ou vulnerabilidade social. Em quase 10 anos, mais de 5.700 pessoas concluíram os cursos básicos de informática oferecidos gratuitamente pelo programa.