O menor envolvido no desaparecimento de Eliza Samudio deu versões diferentes do crime para a polícia e para o Ministério Público.
O depoimento aos promotores traz mais detalhes da possível participação de Bruno e da mulher dele, Dayanne de Souza. Veja na reportagem de Eduardo Tchao.
O depoimento do menor apreendido na casa do goleiro Bruno prestado à polícia na última terça-feira provocou uma reviravolta no caso.
O adolescente foi a Minas Gerais e ajudou a identificar a casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos. Na última quinta-feira, já de volta ao Rio de Janeiro, o menor falou mais uma vez sobre o caso.
O novo depoimento foi prestado à Promotoria da Infância e da Juventude do Rio. Há diferenças importantes entre o que foi dito à polícia e ao Ministério Público.
A segunda versão do menor para o que aconteceu com Eliza Samudio complica mais o goleiro Bruno e também a mulher dele, Dayanne de Souza.
No novo depoimento, o menor conta que Macarrão disse que eles iriam pegar Eliza porque ela estava dando muita aporrinhação para Bruno por causa do filho que dizia ter com o goleiro.
Na primeira versão dada à polícia, o adolescente diz que lutou depois de dar três coronhadas na cabeça de Eliza. Ele, Macarrão, Eliza e o bebê seguiram viagem para Minas Gerais, sem qualquer parada.
No novo depoimento, ele contou que depois das coronhadas levaram Eliza para a casa de Bruno no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, e que ficaram lá por dois dias.
Segundo o menor, o goleiro não estava em casa porque ele estaria concentrado com o Flamengo para uma partida que aconteceu naquele fim de semana.
Naquele fim de semana, o time do Flamengo jogou contra o Goiás, no Rio, numa partida pelo Campeonato Brasileiro.
Na primeira versão dada à polícia, o menor contou que Bruno teria chegado ao sítio de táxi, um dia depois de Eliza. O menor contou que o goleiro só ficou no sítio por duas horas e chamou um táxi, porque queria ir embora no mesmo dia para o Rio.
No novo depoimento, o adolescente disse que ele, Macarrão, Eliza e o bebê seguiram para o sítio de Bruno na segunda-feira. O ex-goleiro do Flamengo teria chegado ao local no mesmo dia, à tarde, e ficado lá até quarta-feira.
Na primeira versão, o menor diz que só encontrou Dayanne de Souza no sítio depois do crime. Dayanne teria ouvido de Sérgio que tinham deixado Eliza em um apartamento em Belo Horizonte.
No depoimento ao Ministério Público, o menor disse que a mulher de Bruno já estava no sítio quando chegaram.
O menor não diz no novo depoimento se Dayanne e Bruno estavam presentes quando Eliza foi morta. Mas ele dá mais detalhes do assassinato.
O homem apontado como Neném teria se apresentado como policial e começado a interrogar Eliza sobre eventual uso de drogas. Neném teria chegado a mostrar uma carteira de policial civil.
No primeiro depoimento, o menor disse que o ex-policial amarrou os braços de Eliza com uma corda e deu uma gravata nela.
Na nova versão, enquanto Neném aplicava a gravata, Macarrão é que teria amarrado as mãos de Eliza.
Depois da morte e do esquartejamento, o menor disse no novo depoimento que Macarrão ligou para Neném e que este disse que os cães não comeram toda a carne de Eliza.
Por isso, alguns restos mortais tiveram que ser colocados em uma sapata em construção e depois teria sido jogado concreto por cima. A Justiça do Rio autorizou nesta segunda a transferência do menor para Minas Gerais.
“O juiz concluiu junto com o Ministério Público que, nesse momento, depois de ele prestar o depoimento que desenrolou as investigações, que ele fique perto da Justiça mineira para poder haver, inclusive, uma eventual acareação”, disse Luiz Zveiter, presidente do Tribunal de Justiça - RJ.