Em comum, elas têm uma história de violência dentro de casa. Mulheres agredidas pelos companheiros se reúnem semanalmente em Três de Maio, para superar o trauma vivido e aprender a se impor diante da truculência dos parceiros.
O grupo Flor-de-Lis foi criado em junho, como um trabalho de conclusão de curso de três alunas de Serviço Social, da Universidade Norte do Paraná (Unopar Virtual). Surgiu de uma pesquisa que uma das formandas fez no fórum da cidade. Chamou a atenção da aluna Iolete Weber o alto número de mulheres que denunciavam seus companheiros e depois desistiam de seguir adiante com o processo. Dezessete casos foram estudados.
_Queria saber o porquê da renúncia. O motivo principal foi não querer ver o marido ou companheiro preso. Isso envolve a dependência financeira, a vergonha. Principalmente se elas têm filhos_comenta Iolete.
No grupo de apoio, as mulheres recebem atendimento psicológico, orientação quanto à Lei Maria da Penha, aulas de artesanato e outras atividades que buscam resgatar a autoestima delas. As oficinas de artesanato prepararam a integrante para que tenha renda própria e se torne independente do companheiro. Futuramente, a ideia é incluí-las em programas de profissionalização.
_Algumas continuam casadas, outras se separaram. O marido de uma delas relutou em aceitar que ela participasse do grupo. Mas ela se impôs, disse que ia continuar vindo, que aqui tinha ajuda e ia ser orientada_ comentou Jaqueline Gomes do Nascimento, a idealizadora do Flor-de-Lis.
Sete mulheres seguem no grupo. A mudança no comportamento é visível.
Elas chegavam quietas e deprimidas. Foram motivadas a conversar e estão mais dispostas e animadas, conforme a assistente social da prefeitura e supervisora do estágio das formandas, Arlete Weber Dalpisol.
_Esse grupo está me ajudando. Eu não falava com ninguém, não botava pra fora. Estou adorando, amo fazer isso_ conta uma das integrantes do grupo, de 45 anos, que sofreu violência em dois relacionamentos.
-17 mulheres com história de violência doméstica foram convidadas a participar do grupo Flor-de-Lis (10% de 168 casos pesquisados na comarca de Três de Maio entre 1o/07/08 a 30/06/09).
-Todas denunciaram a violência, mas depois retiraram a queixa
-10 começaram a frequentar. Atualmente, sete continuaram
-A maioria dos casos de violência dos companheiros tinha relação com o alcoolismo
-60% das mulheres pesquisadas se separou do marido/companheiro
-O estágio da faculdade das alunas já se encerrou, mas elas continuam voluntariamente assistindo as mulheres. Para o próximo semestre, a prefeitura deverá dar sequência ao trabalho.
A partir do Flor-de-Lis, deve ser criado outro grupo. Desta vez formado por maridos/companheiros que agridem as mulheres. A formanda Adriane Schaffer sugeriu a criação do grupo para tratar o agressor.