03 agosto 2010

Preço para tirar a soja do armazém

Oleaginosa passa de US$ 10,5 o bushel. Em época de entressafra, grãos brasileiros rendem prêmio. Para analistas, cotação pode não ser a esperada, mas está entre as melhores do ano
Depois de passar a maior parte do ano estacionada na casa dos US$ 9 por bushel (27,5 quilos) a soja reagiu em julho e encerrou mês com o melhor preço em seis meses na Bolsa de Chicago (CBOT). O contrato agosto/10, que ocupa a primeira posição de entrega, rompeu na semana passada a barreira dos US$ 10,5 o bushel – pouco mais de US$ 23 a saca de 60 quilos –, e voltou ao patamar em que trabalhava no final de 2009.
No Paraná, a saca subiu mais de R$ 4 no último mês. O preço médio apurado pela Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) passou de cerca de R$ 32 em junho para R$ 36 no encerramento de julho. Nos Campos Gerais, a cotação ultrapassou a marca dos R$ 40 na semana passada. Para a exportação, o mercado chegou a pagar R$ 43 no Porto de Paranaguá. Para garantir o produto, o importador oferecia prêmio de US$ 1 sobre o preço de Chicago – cerca de R$ 4 por saca.
"O mês de julho foi inesquecível. A soja ganhou quase US$ 1 por bushel em Chicago. É tempo de alta. (...) É tempo de vender", declara o analista Fernando Muraro Jr., da AgRural. É hora não apenas de vender o que sobrou da safra passada, mas também de negociar contratos para a próxima safra, destaca Aedson Pereira, analista da AgraFNP. "Agosto é o mês para o produtor fazer as contas e fixar. Agora é o momento porque daqui a pouco a soja dos Estados Unidos começa chegar no mercado", diz.
Levantamento da Seab mostra que cerca de um terço da safra passada de soja, cerca de 4 milhões de toneladas, ainda não foi comercializado no Paraná. O índice é considerado normal pela secretaria. "O pessoal quer saber o que faz agora, se vende ou se espera. Aparentemente, ou o pico já chegou ou está próximo. Não há nenhum outro grande fator de sustentação de preço a não ser a entressafra", considera o técnico da Seab Otmar Hubner. Ele avalia que a perspectiva de plantio maior no Brasil e na Argentina em 2010/11 anula as preocupações com perdas climáticas na safra de soja dos EUA.