Uma força-tarefa da Polícia Federal, do Ministério Público Estadual e do Ministério Público de Contas investiga possíveis desvios de recursos da área de marketing que teriam causado prejuízo ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul — Banrisul.
A suposta organização criminosa, integrada por alto funcionário do banco, diretores de agências de publicidade e prestadores de serviços pode ter causado prejuízo de mais de R$ 10 milhões nos últimos 18 meses.
A investigação dá conta de que as ações de marketing do banco, contratadas junto a agências publicitárias, seriam superfaturadas. De acordo com a PF, as campanhas eram terceirizadas a empresas que, por sua vez, subcontratavam os reais executores dos serviços. Estes, segundo a PF, cobravam preços muito menores do que aqueles pagos pelo banco.
Pelo menos duas agências estão sendo investigadas na Capital. Até o momento, três pessoas foram presas pela PF.
Nesta manhã, uma pessoa que seria testemunha-chave no caso destacou que "pessoas recebiam propina" e que era apresentado um "orçamento definitivo". Na hora da cobrança, "os valores eram superiores ao dito pela pessoa".
— Um projeto que seria em torno de R$ 350 mil foi faturado em R$ 546 mil — disse a testemunha em entrevista ao Jornal do Almoço.
Segundo a Polícia Federal, a Justiça Estadual, acionada pelo Ministério Público Estadual, autorizou o compartilhamento de informações com o Ministério Público de Contas, que requereu ao Tribunal de Contas do Estado inspeção especial no Banrisul — já determinada —, bem como com a Polícia Federal. Os supostos crimes apontados seriam evasão de divisas, ocultação de bens e valores e sonegação fiscal.
A operação recebeu o nome de Mercari. Ao todo, são 11 mandados de busca e apreensão, sendo 10 deles na Capital e um em Gravataí. Participam da ação cerca de 76 policiais.