19 outubro 2010

Colheita do trigo começa, mas preço do pão não deve baixar

Foto:Roberto Marques, Divulgação
Nem mesmo a colheita de trigo estimada em 1,64 milhão de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aberta ontem no Estado pela região Noroeste, segundo a Emater, deverá barrar a alta do preço do pão francês. Presença diária nas refeições dos gaúchos, o aumento do produto se acentuou.
A alta do pão está relacionada ao baixo estoque mundial de trigo devido à seca na Rússia, que elevou o valor da commodity e da farinha.
– A farinha para panificação subiu 35% nos últimos dois ou três meses. Dependemos de trigo importado para fazer farinha para panificação. Quem tem trigo de qualidade hoje põe o preço que bem entende – diz o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado, Gerson Pretto.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação, Confeitaria, Massas e Biscoitos do Estado, Arildo Bennech Oliveira, há dois anos o preço do pão francês não aumentava. Para Oliveira, não há perspectiva de baixa até o final do ano. Talvez quando entrar no mercado a safra argentina. De agosto para setembro, o preço do quilo do pão francês aumentou entre R$ 0,50 e R$ 1. Ou cerca de 12%.
Na avaliação da indústria, a safra gaúcha de trigo – estimada em 9% abaixo do ciclo anterior, segundo a Conab – não deverá alterar o cenário. Os moinhos continuarão a importar trigo. Eles consumirão apenas 40% da safra gaúcha que será colhida. Conforme Pretto, o trigo panificável no Brasil está no Paraná.
No Estado, ainda há 300 mil toneladas da safra passada estocadas. Os questionamentos sobre a qualidade do produto gaúcho são criticados por cooperativas e produtores. Na Cooperativa Tritícola Regional Sãoluizense (Coopatrigo), de São Luiz Gonzaga, estão armazenadas 20 mil toneladas do ano passado. Dessa quantidade, cerca da metade é de trigo-pão.
– O produtor fez a parte dele, mudou o perfil de trigo brando para trigo-pão. Não é verdade que nosso produto não é panificável. Nós, por exemplo, ainda temos trigo-pão da safra passada e não estamos conseguindo fluência normal no mercado – afirma o presidente da Coopatrigo, Paulo Pires.