Lourdes Hennemann conversa com as instrutoras sobre o papel da mulher na propriedade rural |
Brasília (28/10/2010) – Produtoras rurais que tenham interesse em ter o primeiro contato com conceitos de administração rural ou mesmo aquelas que queiram adquirir novos conhecimentos sobre o assunto poderão contar, a partir do mês que vem, com uma nova opção oferecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Disponibilizado até agora no formato à distância, o Programa “Com licença vou à luta” passará a ser oferecido, também, no módulo presencial a partir de novembro. Para reforçar os conhecimentos e poder repassar os melhores ensinamentos às mulheres que participam das turmas do “Com licença vou à luta”, um grupo de 41 instrutores está reunido nesta semana, em Brasília, para um curso de formação.
O “Com licença vou à luta” é um programa voltado para mulheres da área rural. Durante o processo de capacitação, as produtoras aprendem conceitos sobre empreendedorismo, gestão financeira, planejamento de negócios, análise de mercado, legislação e direito trabalhista, além de liderança, relações interpessoais e trabalho em equipe. “O importante é despertar nas mulheres o interesse em participar mais do gerenciamento das propriedades, de forma a garantir mais renda para a família”, explica a coordenadora da área de desenvolvimento de programas do SENAR, Patrícia Machado Gomes.
Participante do programa em 2010, Juliana Krupp, viajou do Rio Grande do Sul para Brasília para treinar os instrutores. “Levar informação para as mulheres do campo permite que elas assumam um novo papel nas propriedades rurais”, conta Krupp. Lourdes Hennemann, que também participou do treinamento do SENAR, reforçou a avaliação da instrutora gaúcha.
A proposta é que as produtoras rurais possam, a partir dos ensinamentos oferecidos pelo SENAR, diagnosticar eventuais problemas das propriedades rurais. “Elas terão conhecimento suficiente para propor soluções”, lembra a coordenadora do SENAR. O crescimento no número de turmas programadas para 2011 comprova o interesse das produtoras pelo conhecimento oferecido pelo Senar. Programação preliminar é de 165 turmas do “Com Licença vou à luta” em 2011. Em 2010, serão 51 turmas.
Para participar do módulo presencial do programa, as mulheres rurais devem procurar o Sindicato Rural de seu município. Há, também, a possibilidade de participar do curso à distância (pela internet). Os cursos de formação são oferecidos gratuitamente pelo SENAR.
O conteúdo do curso é o mesmo, tanto para o módulo presencial quanto para o ensino à distância. A coordenadora enumera as vantagens de cada um dos dois modelos de aprendizagem. O curso à distância permite que os participantes façam o curso nos momentos mais adequados. Também não é preciso se deslocar das propriedades até o local das aulas. Essa alternativa de aprendizado garante flexibilidade no processo de execução das tarefas.
O curso presencial tem encontros semanais de oito horas cada. O diferencial, nesse caso, é permitir maior interação entre as participantes, que são da mesma comunidade e, por isso, vivem realidades parecidas. Nos cursos presenciais, é preciso ter disponibilidade de tempo para participar dos encontros.
União de forças
Marcelino Colla transmite sua experiência para mulheres do campo |
Apesar de o Programa "Com Licença Vou à Luta" ter como alvo o público feminino, o SENAR também possui instrutores homens para oferecer o treinamento nas áreas rurais do Brasil. Marcelino Colla, produtor e instrutor do SENAR no Rio Grande do Sul, é um exemplo. Ele conta que, quando criança, observava a mãe ajudar o pai na produção de grãos e leite na propriedade da família. "Ter essa viviência ajudou muito na capacitação dessas produtoras e trabalhadoras rurais que desejam colaborar com o sucesso da propriedade da família. Desde o início dos tempos, o homem é associado a força física. Já a mulher tem outras habilidades, pois geralmente consegue fazer o controle, registros e anotações melhor do que os homens".
Marcelino conta que o treinamento do Programa Com Licença Vou à Luta incentiva a mulher a se envolver e colaborar com a produção. "Sempre dizem que por trás de um grande homem existe uma grande mulher. Nós falamos no treinamento que ao lado de um grande homem, há uma grande mulher e vice-versa. Alguns homens sentem a necessidade de centralizar as decisões, mas mostramos que a decisão, quando é compartilhada entre o casal, é mais fácil de ser tomada".
O instrutor do SENAR comenta também que utiliza uma linguagem simples, mesmo ao abordar temas complexos, como gestão financeira e planejamento de negócios. "Na minha propriedade, trabalho com pessoas que possuem mestrado e doutorado. Percebi que, quanto mais estudo a pessoa tenha, mais ela consegue se afastar do trabalho em grupo, da troca de conhecimentos. Todo mundo tem habilidades, mesmo sem ter feito curso no exterior. Deixo claro isso para as alunas no Programa Com Licença Vou à Luta. Acredito no processo de integração e que tudo fica bem feito quando tem a colaboração de outras pessoas", comenta.
Marcelino, que é formado em agronomia, reforça que o objetivo final do trabalho do instrutor do SENAR é fazer com que as pessoas vivam melhor.