30 novembro 2010

Traficantes do Comando Vermelho perderam R$ 50 milhões na última semana

Até as 17h40 de domingo, 28, sete toneladas de 
maconha foram apreendidas no Complexo do 
Alemão, mais do que toda apreensão de um ano 
no Rio de Janeiro 
Só em drogas e armas, os bandidos do Comando Vermelho perderam mais de R$ 50 milhões em menos de uma semana, com os prejuízos causados pelas ocupações policiais na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão.
O maior impacto se refere a drogas. Conforme a Secretaria da Segurança Pública, foram apreendidas cerca de 42 toneladas de maconha e 300 quilos de cocaína — o que representa uma carreta, cheia. Transformada em papelotes, a cocaína — que é comprada na Bolívia a R$ 1 mil o quilo — é revendida, nas favelas cariocas, a R$ 12 mil o quilo. Os 300 quilos apreendidos, portanto, representam perda líquida de R$ 3,6 milhões.
As perdas com maconha foram bem mais substanciais. Com o quilo revendido no Complexo do Alemão a R$ 700 — embora adquirido a R$ 150 no Paraguai —, os traficantes podem ter perdido, apenas em marijuana, o equivalente a R$ 29,4 milhões.
Valorização das armas
Mas a droga não preocupa tanto os traficantes quanto a perda de armas. É que armamento significa controle de território e formação de uma base, para os criminosos, explica o delegado Eduardo Clementino, que representou a cúpula da Polícia Civil na tomada do Complexo do Alemão.
As armas são obtidas pelos traficantes por um preço até 10 vezes maior que a venda comercial para as Forças Armadas, calcula o gaúcho Carlos Alberto Portolan, consultor em segurança pública e ex-chefe da segurança do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
— Um fuzil calibre 7.62mm tipo o FAL (padrão do Exército brasileiro, muito usado pelos traficantes) custa R$ 50 mil, embora para as Forças Armadas saia por R$ 10 mil. É que os vendedores de armas embutem no preço o risco de serem presos ao realizarem o contrabando da arma — pondera Portolan.
O custo das armas também depende do ano de fabricação e da quantidade comprada. Uma pistola é vendida por R$ 6 mil, quando custa R$ 2 mil numa loja. A granada, que custaria R$ 800, no mercado negro chega a R$ 2 mil.
O último balanço apresentado pelas polícias Militar e Civil fluminenses contabiliza 205 armas apreendidas na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão. Entre elas, 22 fuzis, duas metralhadoras pesadas (antiaéreas), 9 submetralhadoras (portáteis), seis escopetas, uma carabina e 24 armas de pequeno porte, como pistolas e revólveres. Além delas, 120 granadas.
Somadas aos 400 veículos apreendidos — 350 deles, motos —, o prejuízo pode ultrapassar R$ 50 milhões.
Outras estimativas dão conta de que as perdas chegariam a cerca de R$ 70 milhões.
Quase irrecuperáveis, para quem perdeu também suas duas principais bases operacionais, conclui Portolan.