29 dezembro 2010

Estiagem causa prejuízo de R$ 6,5 milhões em Candiota

Estiagem e prejuízo são problemas recorrentes
no Estado, como em São Borja em 2004 
Estiagem e prejuízo. É recorrente esse cenário no Estado, especialmente nos meses de verão. A estação quente do ano começou há pouco mais de uma semana, mas já causa estragos na região Sul. Há exatamente 100 anos, os gaúchos já enfrentavam o mesmo problema.  
O município de  Candiota já declarou situação de Emergência à Defesa Civil estadual. Nesta quarta-feira, técnicos do órgão visitaram a cidade para avaliar os danos. A situação, segundo o prefeito Luiz Carlos Folador, é mais grave na área rural. “O prejuízo já passa R$ 6,5 milhões nas lavouras e na pecuária”, explicou. Nesses locais, a prefeitura tem feito a distribuição de água por meio de caminhões-pipa. “Não chove regularmente há cerca de 60 dias e não tem previsão de chuva.” 
Para evitar que o problema se estenda também para a área urbana de Candiota, a população é o público-alvo de uma campanha de conscientização do uso da água. A possibilidade de racionamento, como já ocorre em Bagé, por ora está descartada. “Temos barragens com boa captação de água”, afirmou. 
Sem previsão de chuvas, cisternas resolveriam problema
O prognóstico ainda não é nada favorável, pois – pelo levantamento apresentado pelo prefeito – não existe previsão de chuva para breve. Além disso, de acordo com a MetSul Meterologia, neste verão o Rio Grande do Sul será afetado com o fenômeno La Niña, que, ao contrário do El Niño, é o esfriamento das águas do Oceano Pacífico. O La Niña ameniza o calor, mas acaba por aumentar o risco de seca em algumas regiões do Estado, por proporcionar apenas chuvas esparsas. 
Ao menos para Candiota, uma solução seria a aprovação de uma verba de R$ 700 mil para o município, conforme o prefeito Folador. Com esse dinheiro, será possível a construção de 500 cisternas. Na noite desta quarta-feira, segundo ele, um técnico do município embarca para Brasília para acompanhar os trâmites de liberação do dinheiro do governo federal. 
Cenário semelhante ao de 100 anos atrás
Se hoje a situação não é boa, 100 anos atrás também não era. Uma nota publicada na coluna “Há um Século no Correio do Povo” desta quarta-feira, com notícias de 29 de dezembro de 1910, relatava os prejuízos à agricultura e pecuária causados na Fronteira e na Serra pela seca no Estado. Confira um trecho abaixo, com a grafia da época: 
“Arroios cortados, sem agua, tanques açudes e fontes exgottados, vendo-se os criadores da contigencia de costearem o gado ao lado dos rios, alguns deles baixos, como não ha exemplo. As plantações estão perdidas. E, para que não seja completo o prejuizo, os fazendeiros aproveitam-nas, transformando-as em forragem para os animaes”.