31 janeiro 2011

Industrialização do grão agrega valor à soja gaúcha

Um total de 2,1 milhões de toneladas de soja
produzidas a maisno ano passado foram
aproveitados internamente
Um antagonismo na pauta das exportações gaúchas revela um promissor caminho do agronegócio do Rio Grande do Sul. A despeito do volume recorde de 10 milhões de toneladas de soja colhidas no Estado, as vendas externas da commodity recuaram 3,5% em 2010, resistindo inclusive ao apetite do principal protagonista do mercado internacional do grão, a China.
Após esmiuçar o desempenho das exportações gaúchas, a economista Cecília Hoff, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), admite ter ficado intrigada com a estagnação das vendas externas de soja do Estado:
— O problema maior parece ter sido mesmo a queda da demanda pelos grãos do Estado. Qual o motivo?
Em uma aritmética simples, o mercado gaúcho absorveu as 2,1 milhões de toneladas de soja produzidas a mais em 2010 em comparação com a safra anterior em vez de encaminhá-las aos portos em grãos — volume que passou a ser vendido processado, aproveitado nas usinas de biodiesel ou até mesmo armazenado à espera de uma alta nos preços.
As estatísticas do Porto de Rio Grande mostram a tendência de industrializar a soja, o que aumenta o valor agregado do produto, eleva a renda e gera mais empregos. Apesar do leve recuo nas exportações de grãos, os embarques de farelo subiram 35% e, de óleo de soja, 14,8% pelo porto. As 660 mil toneladas a mais de farelo embarcado em comparação com 2009 significam o processamento de outras 846 mil toneladas de soja.