11 fevereiro 2011

Hosni Mubarak renuncia à presidência do Egito

Mubarak fez pronunciamento 
ontem à nação, e deixou o Cairo
hoje antes de anunciar renúncia
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, renunciou nesta sexta-feira ao cargo. O anúncio foi feito pouco antes das 14h (horário de Brasília) pelo vice-presidente, Omar Suleiman, que também deixa seu posto. O poder será assumido pelo Comando Militar Superior. Logo após o anúncio, uma multidão reunida na praça Tahrir, no Cairo, comemorou a notícia.
A expectativa era de que esse anúncio fosse feito ontem à noite, quando o presidente fez um pronunciamento à nação, transmitido ao vivo pela TV estatal. O que Mubarak fez, no entanto, foi afirmar que permaneceria até setembro no cargo, quando ocorreriam eleições livres. 
O presidente disse ainda que havia sido criado um comitê estabelecendo mudanças em seis artigos da Constituição e extinguindo um deles, o que daria condições para a transferência de poder em uma eleição justa. Ele afirmou mais de uma vez que esperava que a transferência ocorresse dentro da legalidade e chamou os egípcios de filhos e que parte dos poderes seria transmitida a Suleiman, sem especificar quais. 
O dissidente egípcio Mohamed ElBaradei comemorou a renúncia de Mubarak. "Este é o maior dia da minha vida. O país foi libertado", afirmou ele. Ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ElBaradei já foi agraciado com o Nobel da Paz.
O presidente egípcio está no poder há 30 anos e acabou não resistindo a 18 dias de maciços protestos populares. As críticas concentravam-se na insatisfação com a economia e a corrupção e foram inspiradas pela Revolução de Jasmin, que derrubou o ditador da Tunísia Zine Ben Ali. 
Saída
   O poder será assumido pelo 
   Comando Militar Superior
Mais cedo, uma fonte do governo informou que Mubarak havia deixado o Cairo hoje acompanhado de sua família. Eles teriam partido em uma aeronave que decolou de uma base militar na capital egípcia. Mohammed Abdellah, um porta-voz do Partido Nacional Democrático, de Mubarak, confirmou a informação.
Confrontos
Os distúrbios pelo fim do regime de Mubarak começaram em 25 de janeiro e deixaram pelo menos 300 mortos e muitos outros detidos e feridos. Desde então, manifestações diárias pressionavam pelo fim do governo do ditador. O epicentro dos protestos é a praça Tahrir.
Manifestantes egípcios na cidade de El-Arish, no norte da península do Sinai, trocaram tiros com a polícia hoje e lançaram coquetéis molotov em uma delegacia, segundo testemunhas. Cerca de mil manifestantes se separaram de um grupo maior e seguiram para a delegacia, lançando os coquetéis molotov e queimando viaturas, disseram testemunhas. Várias pessoas ficaram feridas nos confrontos, mas o número não estava ainda claro.
Os distúrbios ocorrem no momento em que mais de milhares de pessoas seguiram para as ruas do Egito, após as orações semanais muçulmanas da sexta-feira, para exigir a queda de Mubarak.