02 fevereiro 2011

Marco Maia é o novo presidente da Câmara dos Deputados

Marco Maia é o novo presidente da Câmara
dos Deputados 
O deputado gaúcho Marco Maia (PT) foi eleito presidente pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira, com 375 votos dos 509 colegas que participaram da votação. O político, em seu terceiro mandato na instituição, era o nome indicado do Partido dos Trabalhadores no acordo com o PMDB, já que os partidos tem a maior representatividade na Casa. Apesar da indicação, ele enfrentou a concorrência de Chico Alencar (PSOL-RS), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Sandro Mabel (PR-GO). Ele ocupava o posto interinamente, em substituição a Michel Temer, que concorreu a vice-presidentre da República.
A votação demorou três horas, mais que o planejado pelo protocolo da Casa, e foi encerrada apenas por volta das 22h30min. Depois de ser confirmado, no discurso de posse, Marco Maia prometeu, em tom bem-humorado, fazer uma gestão "tão boa" que os colegas iriam desejar sua permanência por mais dois anos.
"Precisamos discutir programas e projetos que dialoguem com o combate à pobreza", enfatizou Maia no palanque antes da votação. "Nenhum de nós pode se acomodar enquanto tivermos um cidadão no País passando fome e sem condições de se alimentar dignamente", conclamou o deputado.
Maia salientou que a principal função da Casa é servir à população. "Agradeço ao povo brasileiro que concedeu a cada um de nós que concedeu com o voto o direito para representá-los dentro do Parlamento. O povo brasileiro é o motivo de estarmos todos aqui."
O novo presidente do parlamento enfatizou a necessidade de discutir e aprovar rapidamente as reformas política e tributária, para mostrar uma agenda positiva à população. "Precisamos exercer nosso mandato para transformar a vida das pessoas. Para qualificar a vida do nosso povo. Falo da reforma tributária, da necessidade de construir consensos da reforma política, que coloquem o Brasil em um novo patamar."
Maia, 45 anos, é metalúrgico por profissão e dirigiu o sindicado da categoria em Canoas, em 1984. Entrou na política, pelo PT, no ano seguinte e, em 1988, concorreu à prefeitura da cidade, ficando no segundo lugar, com 21% dos votos. Foi derrotado em mais duas campanhas para a administração municipal, mas cresceu na política e ocupou os cargos de secretário estadual de Administração e Recursos Humanos e de presidente da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb), durante gestões petistas no RS.
Seu primeiro mandato no Congresso começou em 2005, como primeiro suplente do deputado Ary Vanazzi (PT-RS), que renunciou para assumir a prefeitura de São Leopoldo (RS). Desde então, ganhou espaço na Câmara e, após se reeleger em 2006, foi indicado relator da CPI do Apagão Aéreo, que lhe deu projeção nacional. É considerado homem de confiança do ex-presidente Lula e conquistou espaço dentro do PT por ser ligado à corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB). Trata-se do mesmo grupo do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
O governo Dilma esperava uma votação maciça no candidato oficial, principalmente, por ele ter ao seu lado diversas condições favoráveis: a força da presidente em início de mandato, o apoio formal de 21 dos 22 partidos com representação na Casa, incluindo a oposição, e a "obediência" dos deputados novatos.
Apesar da eleição tranquila de Maia, Mabel conseguiu 106 votos, mostrando uma relativa infidelidade dos apoiadores. O adversário não teve sustentação nem de seu próprio partido. Ele entrou na campanha na metade do mês passado, resistiu às pressões do governo e está ameaçado de ser expulso da legenda por ter mantido sua candidatura mesmo depois de desautorizado pela direção do PR.