Quatro dias após o tsunami que devastou parte do Japão, equipes de resgate continuam as buscas por sobreviventes |
Os países europeus decidiram nesta terça-feira testar a segurança de suas centrais nucleares para tentar acalmar suas opiniões públicas preocupadas com o que um comissário classificou de "apocalipse" no Japão e que já levou alguns países, como a Alemanha, a fechar reatores.
Durante uma reunião de crise nesta terça-feira em Bruxelas, autoridades governamentais, especialistas nucleares e empresários do setor chegaram a um acordo para submeter as centrais europeias a "testes de resistência", anunciou o comissário europeu de Energia, Günther Oettinger.
— Trata-se de reavaliar os riscos de inundações, de tsunamis, de ataques terroristas, de tremores de terra, de cortes de energia — explicou, indicando que a Comissão fará "nas próximas semanas" propostas sobre as modalidades desses testes.
A França, que possui o maior parque nuclear civil na Europa, com 58 dos 153 reatores da UE, prometeu testar "todas as (suas) centrais, uma a uma". No Japão, "fala-se de apocalipse e acho que a palavra é particularmente bem apropriada", declarou Oettinger. "Praticamente tudo está fora de controle" e "não descarto o pior nas próximas horas e nos próximos dias".
Depois do forte terremoto e do tsunami de sexta-feira, acidentes graves são registrados nos diferentes reatores da central japonesa de Fukushima 1, suscitando temores de uma contaminação radioativa no arquipélago nipônico. O presidente da Autoridade Francesa de Segurança Nuclear (ASN), André-Claude Lacoste, já avaliou o acidente no nível de gravidade 6 em uma escala internacional de eventos nucleares e radiológicos, que chega apenas a 7.
Em países como a França e Espanha, organizações locais pediram o fechamento de todas as centrais mais antigas e manifestações foram organizadas ou anunciadas em diversas cidades. Frente à preocupação da opinião pública alemã, a chanceler Angela Merkel anunciou a suspensão por três meses do funcionamento dos sete reatores mais antigos do país. Ela também suspendeu, pela mesma duração, a extensão do tempo de vida de todos os reatores.
A Polônia, que se prepara para construir sua primeira central, indicou nesta terça-feira que não pretende colocar em questão seu programa após os eventos no Japão. A Bulgária não deve antecipar o fechamento de seus dois reatores, previsto respectivamente para 2017 e 2019, e mantém seu plano de construir uma nova central, reconhecendo que exigirá "garantias suplementares de segurança".
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