07 abril 2011

Câmara aprova acordo que triplica custo de Itaipu

Valor pago ao Paraguai pela energia
não consumida salta de US$ 120
milhões para US$ 360 milhões
Com uma demora de um ano e sete meses, o plenário da Câmara aprovou, na noite de quarta-feira, o acordo entre os governos do Brasil e do Paraguai sobre o valor da energia gerada em Itaipu. Em setembro de 2009, o Brasil aceitou pagar três vezes mais ao Paraguai pela cessão da energia não consumida pelo país vizinho, subindo dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões anuais.
O atraso na aprovação do acordo pelo Legislativo brasileiro está criando uma saia-justa para a presidente Dilma Rousseff. Ela pretende viajar em maio ao Paraguai, mas não poderá chegar lá sem a concretização do acordo. A alteração no Tratado de Itaipu já foi aprovada pelo Parlamento paraguaio.
O DEM e o PSDB tentaram evitar a votação da proposta, usando a estratégia de obstrução. Após quase cinco horas de sessão, às 23h44 de quarta-feira, a proposta foi aprovada com os votos contrários dos dois partidos. O placar registrou 285 votos a favor e 54 contrários. O acordo terá de ser votado ainda pelos senadores.
A votação deixou claro que a decisão de pagar mais pela energia de Itaipu não é apenas uma conta numérica e uma discussão econômica. Estão em cena a relação política e diplomática com o Paraguai e a estratégia geopolítica do governo.
Ao acertar rever o tratado com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a importância de o Brasil não ter um país pobre como vizinho e de combater a desigualdade regional.
O relator da proposta na Câmara, deputado Doutor Rosinha (PT-PR), ao defender a proposta, disse que o acordo representa pouco para o Brasil, mas significa bastante para o Paraguai. Segundo Rosinha, a remuneração pela energia de Itaipu representa cerca de 20% do total das receitas do Paraguai.