11 abril 2011

Patrimônio ocioso no noroeste do RS

Prédio do antigo fórum de Santo Ângelo
Em Santo Ângelo, o governo do Estado paga R$ 8 mil mensais para locar um prédio para a 12ª Coordenadoria Regional de Saúde enquanto o antigo Fórum da cidade sofre com o vandalismo há três anos. Há previsão de que, com obras de adequação no valor de R$ 400 mil, o local possa abrigar, além da coordenadoria, um centro de saúde, a delegacia da Susepe e outros órgãos ligados à segurança pública. Não há, no entanto, data para a mudança.
Santa Rosa enfrenta situação semelhante. Há previsão para que o antigo Fórum, desativado há seis anos, receba a Coordenadoria Regional da Saúde, a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e o Sistema Nacional de Emprego (Sine). O interior do prédio foi reformado, mas para que seja ocupado ainda é preciso refazer a instalação elétrica. Depois de pronta a obra, o Estado deve economizar em locações.
Em São Leopoldo, o cheiro denuncia. Onde funcionava o antigo Fórum da cidade até 2007, resta um prédio público completamente abandonado. São dois andares e 1.571 metros quadrados de descaso que chamam a atenção de quem passa pela Avenida João Correa, no centro da cidade. A estrutura virou abrigo de mendigos e usuários de drogas.
Telhas, fiação, vasos sanitários, forro, portas e janelas já foram levados pelos vândalos. O imóvel faz divisa com um dos maiores colégios da cidade, o Instituto Estadual Professor Pedro Schneider, e dá trabalho constante. Virou trampolim para a depredação da escola também. Dá espaço à pichação e à manifestação dos próprios vândalos: “Sistema caótico, solução anarquia”.
Proprietário de 10.424 imóveis – um patrimônio que inclui casas, apartamentos, salas, terrenos, boxes e até lotes em assentamentos criados pela reforma agrária –, o Estado gasta cada vez mais com aluguel para acomodar suas repartições. Enquanto isso, cresce o número de prédios próprios desocupados ou abandonados.
Em 2007, o governo gaúcho desembolsava R$ 39 milhões com a locação de 1.291 imóveis. Hoje, reflexo da crescente demanda por serviços públicos, a conta já alcança R$ 45 milhões anuais. Ao mesmo tempo, há um número maior – exatamente 1.666 imóveis – de prédios próprios sem uso. Isso significa que 16% de todo o patrimônio imobiliário do Estado está ocioso e se deprecia com intempéries e vandalismo. Há dois anos, eram 1.312 nessa situação.