10 maio 2011

Fato surreal: vítima prendeu assaltante, mas polícia "perdeu"

Ladrão forçou miolo da fechadura
Foto:Marcelo Oliveira
O empresário de 28 anos flagrou um ladrão arrombando sua casa, o perseguiu por cinco quadras e conseguiu prendê-lo. A pé, o conduziu até a 3ª DP. Foi então que todo o orgulho do jovem por ter exercido seu direito de cidadania veio por água abaixo. Em uma sucessão de erros, descasos e problemas administrativos, o preso acabou fugindo de dentro da viatura da Polícia Civil.
– De nada valeu eu correr tanto, prender o cara. Nem mesmo identificaram ele. O descaso dos policiais foi assustador – afirmou a vítima.
O ladrão, segundo o empresário, aparenta cerca de 30 anos, é muito magro e com menos de 1,70m de altura. O caso ocorreu às 18h de domingo na Avenida Cristóvão Colombo, Bairro Floresta, a menos de 150m da 3ª DP. Ele foi entregue na delegacia. O plantonista então acionou as volantes da Polícia Civil.
– Na delegacia, o agente me disse que nem tinha chave do xadrez. Ele nem algemou nem identificou o preso, eu é que tive de ficar tomando conta dele – protesta a vítima.
Somente ontem ele conseguiu trocar a fechadura. A parte que fica no lado externo da porta foi danificada por uma mixa (chave falsa). O gasto foi em torno de R$ 100. Agora, o empresário pensa em investir R$ 480 na colocação de uma porta de ferro.
Ele revelou que o ladrão aparenta ser morador de rua e, provavelmente por ter feito muito esforço, acabou defecando nas calças.
– Realmente era nojento, mas os agentes não poderiam se esquivar por causa disso.
"Não é comigo"
Titular da 3ª DP, o delegado João Bancolini acredita que o agente de sua delegacia fez o procedimento normal.
– Nosso plantonista fez o certo, nem teria motivo para colocar o homem no nosso xadrez, isso seria ilegal. Ele acionou as volantes para levar o caso para a Área Judiciária, que fora do horário de expediente é quem faz flagrantes. Agora, se deu problema nas viaturas, aí já não é comigo – defende-se o delegado.
Agentes melindrados
Coordenador da equipe de volantes da Civil, o delegado Márcio Zachello disse ontem à tarde que analisa a conduta dos agentes para tomar um procedimento administrativo.
– Não há nada de errado em deixar pertences como roupas perto do preso no compartimento  de transporte, mas claro que deveriam ter o cuidado de revistá-lo para averiguar se não há mixas, armas ou qualquer outro objeto proibido – admitiu.
Segundo ele, o fato de o preso estar muito sujo pode ter melindrado a revista. O delegado explicou que a volante não tem a obrigação de fazer, no local da prisão, uma ficha com o nome do preso. Normalmente, continuou, isso é feito na DPPA, pois a maioria dos detidos não possui documentos, e na delegacia é possível confrontar os dados e descobrir a real identidade.
– O pessoal (da 3ª DP) deveria tê-lo algemado, colocado numa sala e tentado identificar – afirmou.
Para fugir, o ladrão quebrou um rebite na trava da porta de trás da viatura.