13 maio 2011

Palestra contra barragem em Porto Mauá

Evento ocorreu nesta quinta-feira, dia 12 de maio de 2011
Na quinta-feira, 12 de maio de 2011, com início às 14h30min, houve a realização junto ao pavilhão da Comunidade Católica, às margens do rio Uruguai, em Porto Mauá, na fronteira Noroeste do Estado, a primeira palestra contra a construção da barragem Panambi.
O movimento foi organizado pelo MPV – Movimento pela Preservação da Vida e pelo MAB – Movimento dos Atingidos por Barragem, com apoio da Igreja Católica e Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, com o objetivo de prestar informações e esclarecimentos.
Em torno de 500 pessoas estiveram presentes no evento, entre brasileiros e argentinos.
O evento teve cobertura da RBS TV Santa Rosa e de TV Argentina, também contou com a presença de diversos radialistas e jornalistas dos dois países.
No lado argentino, as mobilizações contrárias a barragem estão mais avançadas. No lado brasileiro, a primeira manifestação foi realizada na cidade de Alecrim, no mês de março deste ano.
Esteve palestrando Eloir Denilso e Ricardo Luiz Montagner da Coordenação Nacional do MAB, o professor da URI - Marcelo Andreata, Roberto Meza (Argentina), também se manifestaram pastores e padres brasileiros e argentinos.
Houve espaço para esclarecimentos de dúvidas, principalmente sobre o valor das indenizações, mudanças de clima (temperatura, precipitação pluviométrica), proliferação de insetos, doenças, entre outros.
Algumas frases em faixas expostas: “A mesma lei que proíbe a caça e pesca permite acabar com várias espécies”, “A mesma lei que proíbe a derrubada de uma árvore permite derrubar centenas de milhares delas”, “Água e natureza não são mercadorias e o nosso futuro não está a venda, rio Uruguai livre de barragens”, “O Brasil precisa de energia não de barragem, não de crime contra biodiversidade, não de crime contra a humanidade, forra barragem no rio Uruguai”, entre outros.
Segundo dados do próprio governo, as barragens de Garabi e Panambi inundarão 96 mil hectares e a estimativa é de que atingirão 12.600 pessoas, os principais municípios brasileiros atingidos seriam Garruchos, São Nicolau, Porto Xavier, Pirapó, Roque Gonzáles, Tucunduva, Tuparendi, Novo Machado, Dr. Maurício Cardoso, Crissiumal, Tiradentes do Sul, Esperança do Sul, Derrubadas, Alecrim e Porto Mauá (a mais atingida). No lado argentino, a região mais afetada seria a província de Missiones, principalmente a cidade de Alba Posse. A previsão de início das obras será em 2012.
A bacia do rio Uruguai tem grande capacidade e potencial de geração hídrica, sendo considerada estratégica na geração de eletricidade. Por isso, se tornou um dos territórios brasileiros em disputa, que o capital internacional quer controlar. Já foram construídas sete grandes hidrelétricas que estão nas mãos de quatro transnacionais: Alcoa (Estados Unidos), GDF Suez Tractebel (França), Votorantim e Camargo Correa (Brasil), são elas: Passo Fundo, Ita, Machadinho, Barra Grande, Campos Novos, Monjolinho e Foz do Chapecó. Juntas, estas sete hidrelétricas geram por ano 3,2 bilhões de reais, durante os 30 anos que detêm a concessão vão gerar aos seus donos nada menos que 95 bilhões de reais. Fonte: Jornal do MAB, nº 16, maio de 2011.
Os resultados apresentados pelo MAB comprovam que os atingidos por barragens no Brasil são vítimas de um processo de violência generalizada e nacional, sendo as crianças, as mulheres e os idosos os que mais sofrem. O MAB espera que todas as recomendações da Comissão Especial “Atingidos por Barragens” sejam consideradas e implantadas para minimizar os problemas sofridos com a construção de barragens, que todos os atingidos por barragens se envolvam em ações para da defesa e conquista dos direitos e que a sociedade brasileira esteja em alerta para combater e denunciar todo e qualquer tipo de violação dos direitos humanos dos atingidos por barragens. Fonte: Síntese do Relatório da Comissão Especial Atingidos por Barragens do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.