Everson Dornelles, RBS TV Santa Rosa |
A Secretaria de Saúde do Estado gastou no ano passado mais de R$ 100 milhões em medicamentos que foram solicitados judicialmente. Mas muitos não são retirados pelos autores da ação e o seu prazo de validade acaba vencendo. Na região da Grande Santa Rosa, alguns municípios jogam fora o remédio que poderia ajudar outras pessoas.
A Farmácia Pública de Três de Maio descartou, na semana passada, dois tonéis de medicamentos que estavam vencidos. Uma boa parte deles é de ações judiciais.
- Os pacientes entram judicialmente contra o Estado solicitando o medicamento e não vem retirar. A medicação acaba vencendo e nós temos que descartar este medicamento – explica a farmacêutica Anelise Montavani.
Na farmácia de Santa Rosa o problema também acontece. Dois 2 mil medicamentos concedidos por determinação judicial, em torno de 20% estão parados, à espera do paciente. Alguns custam caro: mais de R$ 2 mil.
A orientação da 14ª Coordenadoria Regional de Saúde é que os remédios sejam devolvidos ao Estado, 90 dias antes de vencerem. Assim, podem ser encaminhados para outros municípios que precisam da medicação.
- Nós pegamos este medicamento, quando não temos outra pessoa para usar. Nós devolvemos para Porto Alegre esta medicação. Na verdade é um prejuízo para o Estado – destaca o farmacêutico da Coordenadoria, Francisco Evelazio Meneses.
A Secretaria Estadual da Saúde afirma que não tem obrigação de avisar sobre a chegada dos medicamentos e que o paciente é que deve conferir se o remédio está disponível.
- Nós não podemos deixar o medicamento faltar no município, nem podemos deixar que ele perca a sua eficácia por expiração do prazo de validade – esclarece sobre os deveres da Secretaria, Ierene Porto Prazeres.
A farmacêutica Vanessa Flores reitera a importância do paciente e de seus familiares no processo.
- É bem importante que as pessoas que solicitam isso via judicial, tenham esta consciência de que busque esse medicamento – destaca.
Quando a prescrição do prazo de validade está próxima, as Coordenadorias comunicam à Justiça, que os pacientes não retiraram o medicamento. Nesse caso, os doentes perdem o direito de ter acesso ao remédio.