Toda a sessão desta segunda-feira foi pautada pelo manifesto do grupo |
Um grupo de 70 jornalistas, profissionais e estudantes da área da comunicação de Santa Rosa e região acompanharam na noite desta segunda-feira sessão da Câmara Municipal de Vereadores local. O grupo fez um protesto silencioso e respeitoso quanto a uma ação dos vereadores, que excluiu unicamente uma vaga para jornalista, mediante concurso público, pedido pelo Executivo. No mesmo pedido estavam outras nove vagas, todas aprovadas pelos vereadores.
Toda a sessão desta segunda-feira foi pautada pelo manifesto do grupo. Os jornalistas colocaram uma faixa no Plenário da Câmara com a frase “Um mundo que busca respostas, precisa de jornalistas”. No início da sessão o vereador Douglas Calixto (PP) leu ofício encaminhado pela classe, que solicitou justificativas dos vereadores diante do ato. O grupo foi impedido de se manifestar. Ao bater palmas após discurso do vereador Paulo Paim (PCdoB), que defendeu a classe, foram chamados a atenção pelo presidente da Câmara de Vereadores, Valdecir Hemsing (PMDB), pois o regimento interno da casa não permite tal manifestação. Nenhuma forma de manifestação é permitida para qualquer cidadão.
Os vereadores Paulo Paim (PCdoB), Osório Antunes (PDT) e José Albino Röhr (PT), usaram seu primeiro pronunciamento da sessão em defesa dos jornalistas e da criação do cargo. O vereador Nelci Dani (PP), disse que foi contra, pois, acredita que a prefeitura está com muitos cargos, e é contra a criação de qualquer novo cargo. Cláudio Schmidt (PMDB) renovou seu discurso. Nas duas últimas sessões ofendeu a classe e disse que “a profissão não acrescenta em nada na sociedade” e que “A Lei de jornalista tá fácil, só precisa ter primeiro grau incompleto”. No discurso da última segunda-feira, diante dos jornalistas, disse que a imprensa é importante para a sociedade, mas que segue sendo contrário à criação do cargo, já que a prefeitura não possui estrutura de comunicação e já tem agência contratada para este serviço.
Surpreso, o grupo pediu conversa imediata com o presidente da Câmara, que abandonou a sessão e foi conversar com representantes dos jornalistas em seu gabinete. Acatando o manifesto, Valdecir Hemsing disse que interromperia a sessão para conversa dos jornalistas com os vereadores. Ao retornar à sessão, levou o pedido a votação, que foi aprovado apenas pelos vereadores Paulo Paim (PCdoB), José Albino Röhr (PT), Osório Antunes (PDT) e Paulo Roberto dos Santos (PPS). Os vereadores Nelci Dani (PP), Douglas Calixto (PP), Marino Martins (PP), Denir Frosi (PP) e Cláudio Schmidt (PMDB), votaram contra, e atenderam a classe apenas no final da sessão.
Os vereadores escutaram o grupo. Manifestaram-se os jornalistas Maristani Weiand, Felipe Dorneles, Lisandra Steffen, Ivana Ritt e Éverson Dorneles. O grupo se queixou do tom de ironia de vereadores mediante ao protesto; da falta de respeito com a classe, nas duas últimas sessões; e por negar a criação de um cargo tão importante na sociedade, sem justificativas plausíveis para tal.
O vereador Cláudio Schmidt (PMDB), disse que iria escutar as gravações das duas últimas sessões, para lembrar e conferir o que realmente falou, se realmente ofendeu a classe, e deve se manifestar sobre o caso. Os demais vereadores se comprometeram em rever a votação assim que o Executivo retornar à Câmara o pedido da vaga de jornalista na Prefeitura. O vereador Paulo Paim (PCdoB) fará intermediação para que o Executivo faça novo pedido, e que seja reavaliado pelo Executivo.
Os jornalistas avaliam como positiva a manifestação na Câmara, mas seguem inquietos no que refere-se a falta de espaço para manifestação da sociedade dentro da Câmara, conhecido como a ‘Casa do Povo’. Também, pela desvalorização e desconhecimento dos vereadores sobre a profissão Jornalismo. O protesto teve a presença de alunos do curso Técnico em Comunicação, do Instituto Visconde de Cairú, e pais de estudantes e profissionais do jornalismo, que se mostraram indignados com a situação.
O motivo da manifestação
Os jornalistas manifestaram diante de uma votação dos vereadores na sessão do dia 15 de agosto. Eles aprovaram a criação de nove novas vagas na prefeitura, envolvendo cargos de confiança e vagas mediante concurso público. A vaga de jornalista foi excluída pela maioria dos vereadores. A justificativa foi que a prefeitura já possui uma agência que executa estes serviços. Mas, os jornalistas explicaram que esta agência, que presta serviços via licitação pública, presta serviços publicitários e não de jornalismo.
Outra justificativa dos vereadores, é que a prefeitura já possui altos gastos com folha de pagamento. Mas eles aprovaram a criação de nove vagas, menos a de jornalista. Ainda, comentaram sobre a exigência de Ensino Fundamental completo para o cargo de confiança na Assessoria de Imprensa. Mas esta exigência se estende para todas outras secretarias e diretorias municipais. Foi ainda mencionado sobre que já existem dois profissionais que exercem esta função hoje, mas nenhum é concursado. Só um profissional concursado poderia propor uma estrutura de comunicação e manter a mesma funcionando no Executivo, independente de quem está no poder. Além das ofensas e desvalorização à profissão.
Vereadores que votaram contra a vaga de jornalistas
Cláudio Schmidt (PMDB) - Autor da emenda
Douglas Calixto (PP)
Denir Frosi (PP)
Nelci Dani (PP)
Marino Martins (PP)
Paulo Roberto dos Santos (PPS)