13 outubro 2011

Brasileiros vão ao exterior para produzir vinhos

Em novembro, a Villaggio Grando, de Água Doce, no Meio-

Oeste catarinense, irá colocar no mercado um vinho 

produzido em Mendoza (Argentina)

Em novembro, a Villaggio Grando, de Água Doce, no Meio-Oeste catarinense, irá colocar no mercado um vinho produzido em Mendoza (Argentina). Mas ela não é a única. Vinícolas do Sul do Brasil estão investindo na produção fora do país para ampliar o mix de produtos, diversificar terroir e fortalecer a marca. 
A estratégia ainda é restrita a um número pequeno de empresas, mas, segundo o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Raimundo Paviani, a iniciativa pode virar uma tendência para as empresas que buscam a internacionalização. "O mercado interno atribui um valor maior ao produto importado do que ao nacional. De certa maneira, a produção no exterior chama a atenção do consumidor e acaba ajudando a impulsionar as vendas do vinho brasileiro", diz Paviani. 
Segundo o diretor da Villagio Grando, Guilherme Grando, a ideia é agregar valor à marca e ampliar o portfólio: "Queremos manter os vinhos de corte (que misturam diferentes tipos de uvas) no Brasil e produzir os varietais (elaborados com um só tipo de uva) com as uvas-bandeira de cada país". Mendoza é a primeira experiência, que deve ser ampliada para o Uruguai em 2012. 
Desde 2010, a Villaggio Grando seleciona vinhedos e uvas na região de Mendoza, ao pé da cordilheira dos Andes, para a produção de um vinho com a uva malbec. Foram arrendadas áreas de plantio, vinícola e contratada a enóloga argentina Adriana de La Mota. Neste ano, chegarão ao mercado 1,5 mil garrafas dessa safra argentina. Para 2012, serão 10 mil garrafas. 
O vinho é feito apenas com uva malbec e envelhecido em barril de carvalho francês. Segundo Grando, o preço fical deve ficar na faixa de R$ 40 a garrafa, mesmo patamar de outros vinhos da empresa. 
O Uruguai é o próximo destino. O projeto é usar a uva tannat. Atualmente, a Villaggio Grando tem 11 vinhos no seu portfólio. Este ano, a vínicola deve comercializar 170 mil garrafas e o projeto é chegar a 230 mil em 2012. As vendas no fim deste ano devem dobrar em relação a 2010, prevê Grando. O espumante representa 40% das vendas totais, essa fatia pode subir a 60% já em 2012. 
Desde 2008, a vinícola gaúcha Miolo mantém em Mendoza a produção do vinho Los Nevados, produzido em parceria com o enólogo César de Azevedo. A distribuição no Brasil é feita pela Miolo Wine Group e na Argentina e mercados internacionais, por Azevedo. A produção é de varietais tintos malbec, cabernet sauvignon e do branco chardonnay. 
A Casa Valduga, de Bento Gonçalves (RS), acumula quase dez anos de produção no exterior. Não para fazer grandes volumes, mas para valorizar a marca, trocar experiências com vinícolas internacionais e garantir uma "afirmação de qualidade" para todo o portfólio, diz o diretor de marketing Fabiano Olbrisch. 
A internacionalização começou pela Argentina em 2002, depois avançou para Chile, Portugal, Itália e Espanha, sempre com vinhedos arrendados e em parceria com vinícolas locais. Nos próximos anos o mapa de produção da Valduga pode avançar a Califórnia (EUA), África do Sul, Oceania e até China. 
A Valduga avalia ter uma operação própria em Mendoza. As opções incluem a compra de uma vinícola com vinhedos próprios, a aquisição apenas de parreirais ou a implantação de uma unidade industrial abastecida por uvas de terceiros. "Há muitas vinícolas e vinhedos à venda em Mendoza", diz Olbrisch. O diretor Eduardo Valduga está há 15 dias na Argentina prospectando oportunidades e a decisão sobre a viabilidade do negócio será tomada até o fim do ano. Se for positiva, a operação começa em 2012. Os vinhos produzidos pela Valduga no exterior levam a marca "Mundvs".