04 novembro 2011

Dirigir embriagado agora é crime

Criminalizar a combinação álcool-direção é imperioso, 
segundo o especialista
A decisão do Supremo Tribunal Federal de negar habeas-corpus a um motorista da cidade de Araxá-MG, que foi flagrado dirigindo alcoolizado, está repercutindo em todo o país. O motorista não causou acidentes, mas foi pego em uma fiscalização e denunciado por dirigir embriagado. A Defensoria Pública da União impetrou habeas corpus em favor do denunciado, mas o pedido foi negado pelo STF. O ponto alto da decisão, de acordo com o psicólogo Dionísio Banaszewski, especialista na orientação, tratamento e combate ao uso de drogas, é o fato de que, por si só, ela alerta para o fato de que dirigir sob efeito de bebida alcoólica é um crime, mesmo quando o motorista não se envolve em acidentes.
Criminalizar a combinação álcool-direção é imperioso, segundo o especialista, porque chama a atenção de toda a sociedade para os riscos de se dirigir alcoolizado. “Não se pode afrouxar em relação a isso. Questionar essa perigosa combinação só quando há acidentes seria uma forma de tolerância inaceitável”, afirma Dionísio. O psicólogo lembra ainda que a decisão do STF deve ser interpretada também como uma chamada a toda a sociedade para a importância da prevenção. “É preciso investir mais em prevenção ao uso abusivo do álcool. É uma questão de mudança cultural que deve vir com um choque de informação: as pessoas precisam entender, de uma vez por todas, o risco que é dirigir sob efeito das bebidas”, argumenta.
O especialista defende que esse trabalho de prevenção deve ter envolvimento de todos os setores da sociedade, a partir da primeira escola. “A escola deve trabalhar a questão desde o ensino fundamental. As instituições sociais, igrejas, empresas... todos devem discutir de forma franca e transparente o problema do álcool e das outras drogas”, diz. E essa discussão profunda, segundo a visão do psicólogo, deve ser feita a partir de informações relevantes. “A informação é a maior arma contra o problema do álcool e das outras drogas. Mas é importante que as discussões tenham orientação de especialistas. Vemos muita gente bem intencionada, mas sem saber ao certo como agir contra o problema”, orienta.
A base para o avanço na conscientização está na educação, segundo o especialista. “Basta olharmos a divulgação do ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) entre os países da América do Sul para percebermos que o combate a esses problemas sociais está entre os primeiros passos para o desenvolvimento. O Chile, primeiro colocado no ranking, vem combatendo o alcoolismo e a drogadição há muitos anos e já registrou avanços importantes. O Brasil está na sétima posição, atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela, Peru e Equador”, conclui.