30 janeiro 2012

Fórum Social Mundial deve ir para países árabes

Ativistas participantes do Fórum Social Tematico são 
vistos deixando o acampamento no Parque Mauricio 
Sirotsky Sobrinho / Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Reconhecida como o berço do Fórum Social Mundial, Porto Alegre está cada vez mais longe de voltar a sediar uma edição global do evento, como a que alçou a cidade à fama 11 anos atrás.
Neste domingo, no encerramento da versão temática do encontro (formato de menor abrangência), membros do conselho internacional deram sinais de que a próxima grande conferência, em 2013, deverá ser celebrada a milhares de quilômetros: nos países árabes.
Sentados em círculo em uma sala do Hotel Embaixador, os conselheiros discutiram o futuro do movimento por quatro horas e 30 minutos, em diferentes línguas — do portunhol ao francês. Longe do público e da imprensa, a cúpula admitiu a desorganização e o esvaziamento do Fórum Social Temático.
Também deixou claro que Porto Alegre está praticamente fora dos planos, apesar de despertar simpatia. Na prefeitura, a expectativa era de que a realização da edição temática na Capital seria decisiva para trazer o evento de 2013.
O argumento é simples: para os conselheiros, o Fórum tem em seu DNA o gene dos nômades, e seus efeitos devem chegar a todos os lugares — especialmente aqueles onde fervilham mudanças sociais. Por isso, a opção pelo palco da Primavera Árabe é a mais óbvia.
Embora a definição deva sair em junho, é praticamente certo que o encontro de 2013 ocorrerá na Tunísia, com versões preparatórias no Marrocos e no Egito.
— Um Fórum lá seria muito mais útil, e isso faz a diferença — disse o professor universitário paulista José Corrêa Leite.
E mais: é provável que deixe de ocorrer em janeiro, em paralelo ao Fórum Econômico e passe para junho — algo impensável em 2001, quando o encontro das esquerdas surgiu justamente em contraposição aos neoliberais reunidos na Suíça. A proposta revelou divergências internas e foi rebatida.
— Não podemos deixar vácuo em janeiro. Minha sugestão é uma atividade em Porto Alegre, para marcar posição — defendeu Oded Grajew, um dos fundadores do Fórum.
Mesmo assum, a Capital gaúcha deverá ser, mais uma vez, coadjuvante no Fórum que ajudou a criar.