05 janeiro 2012

Missão brasileira deve inspecionar frigoríficos paraguaios na próxima semana

Barreira sanitária Porto Soberbo, no RS, contra a febre
aftosa / Foto: Guilherme Saldanha / Divulgação
Uma missão de técnicos do Ministério da Agricultura irá ao Paraguai na semana que vem para inspecionar frigoríficos e verificar se as medidas de controle necessárias já foram adotadas. A decisão foi tomada depois que o país vizinho confirmou um novo foco de febre aftosa no departamento de San Pedro.
O Ministério da Agricultura considera que as chances do vírus contaminar o rebanho nacional são remotas. Ainda assim, foi retomado o nível de alerta emitido em setembro do ano passado, quando o Paraguai detectou o primeiro foco da doença, também no departamento de São Pedro. 
Em Mato Grosso do Sul, na fronteira mais próxima do foco detectado no Paraguai, serão montadas barreiras do Exército nas vias secundárias, onde não existem postos de fiscalização, para evitar a entrada ilegal da carne bovina no Brasil. As barreiras devem ser montadas até o fim de semana. 
Os militares estão atuando em parceria com os fiscais da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) em cinco pontos considerados de maior risco para a entrada do novo vírus identificado no país vizinho. As atividades de inspeção também estão sendo realizadas em 14 postos fixos e em 10 barreiras volantes em toda a fronteira do Estado.
A fiscalização nos Estados começou a ser monitorada em reuniões feitas por videoconferência. Segundo o Ministério, apesar do Brasil estar em estado de alerta, a doença não oferece riscos ao país, mas a situação exige cuidados.
– Como temos uma fronteira seca muito grande, temos que fazer um trabalho de conscientização com os produtores, com os técnicos e veterinários dessas regiões, afinal, boa parte dos fazendeiros do Paraguai são brasileiros, para que, durante esse período evitem ao máximo utilizar meios não convencionais de movimentação de animais – afirma o secretário substituto de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques.
Os indícios da doença haviam sido constatados há 20 dias, mas a confirmação oficial do Paraguai só veio nesta terça, dia 3. Além da demora no envio de informações detalhadas, o Ministério da Agricultura avalia que pode ter ocorrido falha na vacinação do gado daquele país e espera agilidade no repasse de novos dados.
– Nós imaginamos que o governo paraguaio encaminhe as informações. Nossa embaixada já está acionada, via diplomática, então estamos tentando captar isso. E segunda ou terça-feira nós mandaremos uma delegação ao Paraguai para fazer uma verificação nas indústrias que exportam ao Brasil em relação à medida de controle de acidentes na carne – relata Marques. 
O Rio Grande do Sul implantou quatro barreiras volantes para fiscalizar a fronteira com a Argentina. Todos os postos do Sistema de Vigilância Agropecuária (Vigiagro) do Estado também foram fortalecidos. 
Em Santa Catarina, as atividades de fiscalização serão ampliadas a partir desta quinta. Além de intensificar o controle nas unidades do Vigiagro, as autoridades estaduais estão em contato com o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina para realizar um trabalho conjunto de controle de trânsito na divisa.
No Paraná, a fiscalização será reforçada a partir desta quinta, com o funcionamento de arcolúvios para a desinfecção de veículos procedentes do Paraguai, nas cidades de Guairá, Santa Helena e Foz do Iguaçu. 
O ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho viaja ao Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira. Pela manhã ele vai a Ponta Porã para fazer visitas aos locais de inspeção e acompanhar o trabalho de fiscalização. Em Campo Grande, se reúne com o governador André Puccineli e com representantes da Superintendência Federal de Agricultura e da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agropecuário.