20 janeiro 2012

Seca no Rio Grande do Sul indica prejuízo nas exportações de soja em 2012

O agricultor Clóvis Medina Coden, de Santa Maria, acredita que colherá 
apenas 20 sacas de soja por hectare, um terço do esperado 
Foto: Ronald Mendes / Agencia RBS
Motor das exportações gaúchas em 2011, a soja pode não ter a mesma força neste ano em razão da seca. Levantamento da Fundação de Economia e Estatística (FEE) mostra que os embarques do grão somaram US$ 2,9 bilhões no ano passado, salto de 66,1% sobre o período anterior.
Com as dificuldades que se anunciam na safra — com perdas estimadas de pelo menos um terço da produção —, especialistas e empresários alertam para os efeitos sobre a produção e os riscos de queda nas exportações neste ano. Com menos soja à disposição, poderá haver redução de competitividade da indústria, pois terá custo extra de transporte para trazer soja de outros Estados.
— Isso poderá refletir no preço do produto final, mas neste momento de alto consumo é possível que o consumidor aceite o incremento — avalia Rafael Brun, gerente comercial do setor de Grãos da Camera, que compra 15% da soja gaúcha e exportou 400 mil toneladas de farelo para a Europa no ano passado.
Ainda é cedo para se conhecer a extensão das perdas no segmento, avalia Adriano Machado, da consultoria Safras & Mercado. No entanto, Machado acredita que dificilmente haverá impacto nos preços internacionais do produto, uma vez que é cotado na Bolsa de Chicago e não pela oferta local.
Em Santa Maria, o agricultor Clóvis Medina Coden tem uma expectativa ainda mais pessimista para a soja. Acredita que colherá apenas 20 sacas por hectare, um terço do esperado.
— Semana passada choveu, mas aqui não caiu uma gota — conta.
A soja representa 80% das exportações do agronegócio gaúcho. Seus derivados são igualmente importantes na pauta de embarques, com abundância de matéria-prima e forte demanda internacional, as vendas externas de óleos, farinha e gordura extraídos da soja cresceram acima de 45% no ano passado. Em 2011, o grão foi fundamental para as exportações gaúchas.
— O terceiro recorde seguido na safra de soja no Estado encontrou na China um mercado capaz de absorver a produção e pagar bons preços — explica Bruno Breyer Caldas, economista do Núcleo de Indicadores Conjunturais da FEE.