17 janeiro 2012

Telefonema revela que capitão do navio que naufragou na Itália teria ignorado ordem para coordenar evacuação

Guarda Costeira italiana ainda procura melhor forma de
rebocar o navio/Foto: Filippo Monteforte / AFP
Um telefonema gravado entre a capitania dos portos e o comandante do cruzeiro Costa Concordia, que naufragou na noite de  sexta-feira passada no litoral italiano, revela que Francesco Schettino se negou a voltar ao navio para liderar a evacuação dos passageiros, informa a imprensa italiana nesta terça-feira.
Exatamente às 1h46min (horário local), quando centenas de pessoas ainda permaneciam no navio, um oficial da capitania ordenou ao capitão Schettino que voltasse ao Costa Corcordia:
— Agora vá até a proa, suba pela escada de socorro e coordene a evacuação. Você precisa nos dizer quanta gente ainda está lá, se há crianças, mulheres, passageiros, o número exato de cada categoria. O que você está fazendo? Abandonou o socorro? — pergunta o oficial.
— Capitão, é uma ordem, eu estou no comando agora e você, que declarou abandono do navio, precisa ir até a proa, voltar a bordo e coordenar a evacuação.
O oficial da capitania pergunta se "há mortos" e Schettino responde: "quantos?". O oficial se irrita e emenda:
— É você que deve me dizer se há mortos. O que está fazendo? Quer ir para casa? Agora você volta lá e nos diz o que podemos fazer, quantas pessoas há, quais são suas necessidades — ordena o oficial da capitania.
Segundo testemunhas, o capitão Schettino já estava em terra antes da meia-noite, provavelmente por volta das 23h40min (horário local). De fato, em um primeiro telefonema, às 0h42min, o capitão diz uma frase comprometedora ao falar por telefone com a capitania:
— Não podemos subir a bordo por que o navio está inclinando pela popa.
— Capitão, você já abandonou o navio? — reage o oficial da capitania, ao qual Schettino responde:
— Não! É claro que não.
Segundo a imprensa italiana, a investigação da capitania do porto de Livorno revela que ocorreu um "motim" da tripulação, que decidiu pela evacuação do navio diante da falta de ação de Schettino. O capitão afirma que jogou o navio na ilha de Giglio para salvar os passageiros, após bater em um rochedo que não constava das cartas náuticas.