08 fevereiro 2012

Morre cantor Wando em decorrência de problemas no coração

Um dos maiores nomes da música romântica teve mais de 10 milhões de 
discos vendidos em 40 anos de carreira Foto: Juan Barbosa / Agencia RBS
Morreu na manhã desta quarta-feira o cantor Wando, aos 66 anos. Ele estava internado desde o dia 27 de janeiro no hospital Biocor Instituto, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Um dos maiores nomes da música romântica no país — com mais de 10 milhões de discos vendidos em 40 anos de carreira —, Wando não resistiu a uma série de complicações cardíacas.
Famoso pelas composições românticas — chamadas de "música brega", rótulo que ele renegava —, como "Moça" e "Fogo e Paixão", o cantor chegou ao hospital com angina (dores no peito causadas por falta de sangue no coração). Ele foi submetido a um cateterismo, mas com a piora do quadro precisou passar por uma angioplastia coronária em caráter de urgência, para desobstrução de múltiplas artérias. Ficou sedado e respirando com ajuda de aparelhos.
No último domingo,  apresentava melhora, se comunicava por gestos e chegou a divulgar um bilhete aos fãs, pelo Fantástico, da TV Globo, em que dizia "Eu estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem!".
Vida dedicada ao romantismo
Nascido em 12 de outubro de 1945, na cidade mineira de Cajuri, Vanderley Alves dos Reis, o Wando, passou boa parte da infância em Juiz de Fora (MG). Começou a carreira musical na década de 1960, tocando em conjuntos de baile em Minas Gerais. Mudou-se para Volta Redonda, no Rio de Janeiro, onde alternou atividades como caminhoneiro e feirante com a paixão pela música. No início dos anos 1970, passou a gravar as próprias composições.
Em 1973, Wando foi para São Paulo e teve seu samba O Importante É Ser Fevereiro, gravado por Jair Rodrigues. Na época, o repertório do artista era eclético — ele próprio reconheceu, em entrevista ao jornal A Notícia, em 2007, ter sido influenciado por Caetano Veloso e Chico Buarque.
— Mas comecei a trabalhar na noite de São Paulo e percebia que toda vez que eu cantava música romântica, as mulheres ficavam maravilhadas.
A intuição mostrou-se certeira nos anos seguintes. Em 1974, Roberto Carlos gravou uma composição sua (A Menina e o Poeta) e, em 1975, o compacto Wando, impulsionado pelo hit romântico Moça, foi incluído na trilha da novela Pecado Capital e vendeu 1,2 milhão de cópias.
"Fogo e Paixão" é hino absoluto
Wando manteve uma carreira prolífica, com 28 discos gravados que somam mais de 10 milhões de cópias vendidas. São 19 discos de ouro, sete de platina e dois de diamante.
O artista atravessou as décadas de 1980 e 90 disputado por grandes gravadoras, como a Polygram (hoje Universal) e a Som Livre. Mas foi pela Arca Som que gravou seu maior sucesso, Fogo e Paixão, em 1985. A música foi regravada por inúmeros artistas — mais recentemente por Nando Reis em Bailão do Ruivão (2010).
Em 1990, o disco Tenda dos Prazeres inaugurou um dos rituais que endossa a fama de "cantor mais erótico do Brasil": a de receber e distribuir calcinhas femininas nos shows. Reforçado pelo romantismo exacerbado e pelo teor sensual de suas canções, a chuva de calcinhas no palco tornou-se uma marca. Em entrevistas recentes, Wando sustentou ter uma coleção de mais de 15 mil calcinhas.
— Os homens também jogam cuecas. Mas eu não pego. Digo a eles que estão no show errado — brincou em entrevista ao Diário Catarinense, em 2007.