22 setembro 2012

Mais de 40 municípios já decretaram emergência após temporal no RS

Créditos: Edineia Copetti Antunes (Inhacorá)
Subiu para 43 o número de municípios do Rio Grande do Sul que decretaram situação de emergência em função do temporal que atingiu o estado durante a semana. Outras 14 notificações preliminares de desastre (Nopreds) estão sendo analisadas pela Defesa Civil.

De acordo com os dados atualizados pelo órgão na noite desta sexta-feira (21), já são 184.253 pessoas afetadas pelos efeitos do ciclone extratropical, como chuva de granizo, vendavais e enchentes. São 13.502 desalojados, 13.667 desabrigados e 3.049 deslocados.

Localizado na Região Nordeste, uma das mais afetadas, o município de Inhacorá foi um dos mais afetados pelo temporal. “O barulho era muito forte. Tinha gente passando na rua pedindo socorro e a gente não conseguia abrir a porta porque o vento era muito forte. Achei que a gente ia morrer”, relembra a funcionária pública Odila Taborda.

A família dela tenta esquecer a noite de terça-feira (18). Tudo o que era produzido em 55 hectares da propriedade rural foi perdido. E não há mais alimentos para os animais, outra fonte de renda. Dentro de casa, pouco restou dos moveis e eletrodomésticos da casa.

“Dá vontade de largar tudo. É seca e agora tempestade. Não tem pra onde recorrer”, lamenta o agricultor João Taborda. “Quando a gente olha tudo aquilo que levou anos para conquistar destruído, dá uma sensação de vazio. É não saber por onde começar”, acrescenta Odila.

No município de 2,6 mil habitantes, apenas cinco casas não foram danificadas. Há três dias, escolas e comércio estão fechados. Moradores organizam mutirões para ajudar na reconstrução das casas destruídas.
Vilmar Neves da Silva pediu dispensa do trabalho para ajudar os irmãos a reconstruírem suas casas. Com 80 anos, a mãe dele, dona Vilma, é quem incentiva os filhos. “Dou graças a Deus que cada um se escapou com vida e saúde porque o prejuízo se recupera”, diz a aposentada.

A situação é parecida em outros municípios da região. A dona de casa Maria Ortiz conta com a solidariedade de familiares, já que a casa dela foi uma das 160 atingidas em Ernestina. “É nessas horas que a gente vê com quem pode contar”, afirma. “É bem complicado, mas a gente tá se virando”.

Em Porto Lucena, o pescador Gabriel Vieira tinha conseguido um empréstimo e feito melhorias na casa onde mora há 20 anos. Mas o temporal destruiu quase tudo. E, agora, ele não tem recursos para reconstruir. “Primeiro tem que pagar este aqui, pra depois começar outro”.

Já a produtora rural Arceni Schaefer, de Pejuçara, pretendia quitar as dívidas com a colheita de 100 hectares de trigo. Com a lavoura destruída, ela terá que pegar um novo empréstimo bancário. “Ia sobrar bastante. A gente pagava as dívidas, as contas e ainda sobrava. Agora, perdemos 100%”.

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