A constatação foi feita no laboratório da UFSM |
Agrotóxicos não autorizados no Brasil estão sendo usados em lavouras de arroz no Rio Grande do Sul. A constatação foi feita pelo programa de segurança alimentar da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que identifica e avalia a quantidade de agrotóxicos utilizados nos alimentos.
Amostras de frutas, grãos, carne e leite são avaliadas no Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas (LARP), dentro da universidade. Os resultados dos exames ficam prontos em 30 dias. “O analista confere pesticida por pesticida que possa ter sido detectado na mostra e confirma se, realmente, o que o equipamento determinou é o correto”, explica o químico Manoel Martins.
Este ano, a UFSM e o Instituto Riograndense do Arroz (Irga) iniciaram um projeto para verificar a qualidade do cereal no estado. No total, 300 amostras de todas as regiões foram colhidas. A previsão é que, até o fim de 2013, sejam analisados 600 tipos diferentes de arroz.
Já ficaram prontos os resultados de 260 amostras. Em 55 delas, o estudo apontou a utilização de 12 tipos diferentes de agrotóxicos. Três desses produtos não tem autorização de uso para arroz no Brasil. “Inclusive um desses três compostos, o metamidofós, já é banido há bastante tempo na Europa, Estados Unidos e outros países. É um composto bastante tóxico e que, em função disso, foi retirado do comércio pela Anvisa”, diz o gerente técnico do laboratório, Renato Zanella.
Os estudos são financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O principal objetivo é monitorar a qualidade de alimentos brasileiros que são exportados. “De modo geral, a gente pode dizer que a produção de arroz hoje segue as boas práticas agrícolas, que é um programa específico que o Irga desenvolve. Esse problema, quando acontece, é em áreas muito específicas pelo mau uso do produto”, afirma o gerente de pesquisa do Irga, Sérgio Lopes.
O Ministério da Agricultura tomou conhecimento das irregularidades no arroz gaúcho depois do contato da reportagem e encaminhou um pedido para que a Secretaria de Agricultura do estado faça fiscalizações nas revendedoras de agrotóxicos. “(Vamos verificar) se houve a emissão de um receituário agronômico não adequado, se houve compra inadequada, ou mesmo contrabando dessas substâncias para que haja punição do responsável, ou o revendedor ou o agrônomo ou o próprio agricultor”, diz o coordenador de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Lúis Rangel.
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