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Corpos dos bandidos mortos foram encaminhados para perícia em Porto Alegre Foto: Dani Barcellos |
Susto e euforia. Este é o misto de sentimentos que se percebe em uma caminhada pelas ruas de Arroio dos Ratos, município de 13,6 mil habitantes. Por onde se ande na cidade, o assunto é o mesmo: a resposta da Brigada Militar, que matou quatro assaltantes na madrugada de sábado.
Antônio Silveira de Andrades, 37 anos, gesticulava imitando a forma como os PMs empunhavam as armas, repetindo pela milésima vez a história que presenciara horas antes.
— Bah, cara. E eles vieram assim, segurando a metralhadora para baixo e tá, tá, tá, tá. Eles têm a manha. Pode ver que não acertou a vidro da casa de ninguém — orgulhava-se o morador da Rua João Pereira.
A um quilômetro de onde ocorreu a explosão dos caixas eletrônicos, pertinho de onde os bandidos foram mortos, reside Cristiano Trindade, 28 anos. Ele ouviu a explosão do banco e, em seguida, uma espécie de corredor polonês que crivou de balas o carro dos criminosos.
— A comunidade toda está abalada. Em pânico. Estamos lidando com o alívio de ter esses quatro aniquilados e também estamos assustados. A cidade não é como era antes. Nunca vi bala desse tamanho por aqui, nem nada parecido. Parecia coisa de filme — relata, ao tirar do bolso um projétil de fuzil que recolheu do chão e pretende transformar em um chaveiro.
Ele disse que se deu ao trabalho de contar. Somou 119 cápsulas espalhadas pelo chão, enquanto as testemunhas aguardavam a chegada da perícia.
Escorado no portão, Maychel Azeredo Lopes, 35 anos, mantinha o olhar vazio para a poça de sangue em frente de casa.
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Fotos: Dani Barcellos/Especial |
— Eu estava no baile de Carnaval, no clube. A notícia correu por lá. Saímos apavorados. Ainda mais eu, que havia deixado a minha filha dormindo em casa com a sogra. Quando cheguei aqui, tinha um corpo atirado no chão. Pelo jeito, parecia que ia escalar as minhas grades. Deus o livre — falou o homem.
Outro assunto que veio à tona foi a inauguração da penitenciária na cidade no ano passado, que paradoxalmente pôs fim à sensação de impunidade, já que os policiais que faziam a vigilância da galeria que abrigava presos amotinados foram os mesmos que saíram à caça do bando.