05 fevereiro 2013

Espuma usada na Kiss não tinha material que retarda fogo, diz polícia

Autoridades concederam entrevista sobre investigação da
tragédia em Santa Maria (Foto: Felipe Truda/G1)
A espuma que revestia o teto da boate Kiss em Santa Maria não tinha em sua composição uma substância que retarda a propagação do fogo em incêndios, disse o delegado regional Marcelo Arigony em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (4). A tragédia após incêndio na casa noturna deixou 237 mortos no último domingo (27).

“A espuma é parte de um conjunto de erros. A espuma gerou fumaça tóxica. Se tivesse o retardante, a magnitude do fato seria muito menor”, declarou o delegado. O material usado no isolamento acústico da boate foi comprado em uma loja de colchões.

A expectativa da polícia é que todos os estabelecimentos que usem este tipo de espuma sejam interditados.

"Deverá ser suspenso o funcionamento de todos os locais que usam esta espuma. Pelas informações que temos, já há muitos locais trocando a espuma. É incrível com a tecnologia que temos hoje não sabermos que esta espuma não pode ser usada em estabelecimentos deste tipo", completou o delegado.

O Instituto Geral de Perícias de Porto Alegre recebeu no domingo (3) uma amostra da espuma para a realização de testes. Os resultados serão encaminhados à policia, conforme Arigony. Na manhã desta terça (5), uma nova perícia será realizada no prédio onde funcionava a casa noturna. O objetivo será localizar onde começaram os focos de incêndio.

"Fizemos várias reconstituições, mas o IGP ainda vai fazer a reconstituição oficial", disse Arigony.

O secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Airton Michels, também participou da coletiva. Ele destacou os esforços do governo para atender os feridos e familiares de vítimas e afirmou que lições devem ser aprendidas com o fato. “Não fica nada de positivo deste fato trágico, mas que se elabore a partir disso uma discussão sobre as causas. Além da investigação que vem sendo feita pela Polícia Civil de Santa Maria, todas as instituições têm de estudar e se aprofundar neste tema”, afirmou.

O chefe de polícia do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior citou dados da Secretaria da Saúde, de que houve 575 atendimentos médicos desde o dia 27, como evidência de que a lotação da boate possa ter sido desrespeitada no dia do incêndio. “A partir deste número, podemos deduzir que, no mínimo, havia de 750 a 800 pessoas na boate. Este dado começa a delinear fatos, o que é muito importante", disse.

Elisandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate Kiss, deve ter alta no hospital onde está internado em Cruz Alta na tarde desta terça-feira (5). Com prisão temporária decretada, o suspeito de ser um dos responsáveis pela tragédia deve ser encaminhado ao presídio Regional de Santa Maria.

“Ainda não se sabe. Ele pode ter alta ou não. Se tiver, não vejo problema algum no retorno dele à cidade. Em entrevista ao Fantástico neste domingo (3), Kiko havia dito que não pretendia retornar a Santa Maria por “não saber o que dizer aos pais” das vítimas.