Poços artesianos foram encontrados em Rondinha (Foto: Felipe Truda/G1) |
Três investigados por participar do esquema de fraude do leite em Rondinha, no Norte do Rio Grande do Sul, foram soltos nesta sexta-feira (24). Eles estavam detidos no Presídio de Sarandi desde quarta-feira (22), quando foi deflagrada a segunda fase da Operação Leite Compensado. Conforme o MP, o trio aceitou a oferta da delação premiada e decidiu contribuir com a investigação.
Em depoimento na quinta-feira (23), o transportador Antenor Pedro Signor prestou depoimento aos promotores de Justiça Mauro Rockenbach e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho e admitiu participação no esquema de adulteração do leite cru. Ele deu detalhes de como funcionava a fraude e afirmou que em apenas uma oportunidade a Confepar, união de cooperativas no Paraná que recebia o leite adulterado, rejeitou a carga transportada por ele. Em todas as demais o produto com adição de água e ureia foi aceito pela indústria do estado vizinho.
Em função do acordo de delação premiada firmado com o MP, Rockenbach irá postular a redução de metade da pena aplicada judicialmente. "Resolvemos propor esse acordo pela qualidade da informação trazida ao conhecimento do MP. Nosso principal objetivo neste momento é estancar a atuação predatória e criminosa da Confepar no Rio Grande do Sul", salientou Rockenbach.
No depoimento, Antenor Pedro Signor ressaltou, ainda, que seu irmão Adelar Signor, também preso na quarta-feira, não participava da adulteração, não adicionava qualquer substância ao leite e tampouco sabia da fórmula utilizada na fraude. Apenas Odirlei Fogalli sabia e participava das fraudes dirigindo os caminhões na coleta do leite junto aos produtores, e controlando as planilhas do produto coletado.
Os três investigados que foram soltos haviam sido presos na quarta-feira, na segunda fase da operação do MP, em Rondinha e Boa Vista do Buricá. Dez suspeitos seguem presos. As investigações não foram encerradas. Uma terceira etapa será iniciada em breve, segundo o promotor.
A Confepar se manifestou por meio de nota, negando as suspeitas e informando que a defesa da cooperativa será enviada para o Ministério Público do Rio Grande do Sul. "As análises feitas diariamente por nós e pelo Ministério da Agricultura com o nossos produtos confirmam a integridade dos mesmos. Portanto, continuamos a afirmar aos clientes e consumidores que nossos produtos podem ser consumidos com a mesma segurança que garantimos há mais de 30 anos", diz um trecho da nota.
A promotoria da saúde do Ministério Público de Londrina, no Norte do Paraná, no entanto, pediu o recolhimento de algumas amostras do leite vendido pela cooperativa Confepar na quinta-feira (23).